Uma reportagem exibida nesta quarta-feira (27) no telejornal Bahia Meio Dia, na emissora afiliada da Rede Globo em Salvador, viralizou nas redes sociais. Em entrevista à repórter Adrian Oliveira, Madalena Silva, mulher negra resgatada de trabalho análogo à escravidão, chorou e admitiu que tinha medo de segurar a mão da jornalista por ela ser branca.
“Fico com receio de pegar na sua mão branca”, afirmou Madalena. A repórter questionou: “Mas por quê? Tem medo de quê?”. “Porque ver a sua mão branca… eu pego e boto a minha em cima da sua e acho feio isso”, respondeu a mulher, vítima da violência.
Adriana, então, disse: “Sua mão é linda, sua cor é linda. Olhe para mim, aqui não tem diferença. O tom é diferente, mas você é mulher, eu sou mulher. Os mesmos direitos e o mesmo respeito que todo mundo tem comigo, tem que ter com você”, ressaltou, abraçando Madalena em seguida.
A repórter publicou trecho da matéria nas redes sociais de desabafou: “Inacreditável. Inaceitável. Violência brutal. Seria interminável a lista do que fizeram com Dona Madalena. A Bahia ocupa 2º lugar em número de empregadores que submeteram trabalhadores a situações análoga à escravidão. Me senti tão pequena, tão impotente diante da dor de Dona Madalena. Vontade de acolher e nunca mais ter notícia de monstruosidades assim!”.
Dona Madalena não recebia salários, era maltratada e roubada pela filha dos ex-patrões
A vítima “trabalhava” como doméstica e foi resgatada em março de 2021, depois de passar 54 dos 62 anos de vida sendo escravizada por uma família. Ela não recebia salários, era maltratada e roubada pela filha dos ex-patrões, que fez empréstimos em seu nome e se apoderou de R$ 20 mil da aposentadoria de Madalena, segundo o Metrópoles.
Adriana Oliveira fez outra publicação em seu Instagram: “Ainda tô impactada com o encontro com Dona Madalena. Ela foi vítima de uma violência brutal por 54 dos 62 anos de vida. E dentro de uma casa ‘de família’ foi submetida a condições análogas à escravidão. Ela foi resgatada, em março, por auditores do Ministério do Trabalho. Hoje vivi um dos momentos mais emocionantes nos 27 anos de profissão. Ainda tem muita luta”, postou Adriana.