O terreiro de candomblé Ilê Xaxará de Prata, em Planaltina (DF), foi invadido e totalmente depredado por um homem armado com facão e que se dizia evangélico, na manhã desta quarta-feira (23). Ninguém ficou ferido, mas os integrantes da comunidade foram intimidados e todas as imagens de orixás no local ficaram destruídas.
Vídeos gravados pelos frequentadores do terreiro mostram a destruição. "Nós do Xarará de Prata, liderado pela Iyálorixá Suelly Gama, tornamos público o ato de racismo religioso cometido por um indivíduo nas dependências do Ilê na manhã desta quarta-feira 23/03. O ile é um ponto cultural na comunidade e mantém projetos sociais com atendimento aos moradores da região. Mesmo assim não fomos poupados desse crime que assola as comunidades tradicionais de terreiro", diz um comunicado emitido pelo terreiro através das redes sociais.
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Rita Andrade, conselheira cultural do Distrito Federal, também repercutiu o caso em suas redes. "O Terreiro de candomblé Xaxará de Prata acaba de sofrer uma intolerância religiosa, entraram no vale dos orixás e destruíram tudo absolutamente tudo! E pensar que no domingo estive lá exatamente falando sobre essa pauta…estou aqui arrasada e indignada. Mando força para a Mãe Sueli e todos os filhos da casa", escreveu.
Segundo a yalorixá Suely Gama, o home foi visto no local na noite de terça-feira (22). Já na manhã desta quarta-feira (23), ele retornou ao terreiro, visivelmente alterado, gritando que era evangélico, que seu Deus "é forte" e anunciando que destruiria tudo, pois os orixás representariam "figura do diabo".
Intimidando os presentes com um facão, o homem destruiu as imagens sagradas e fugiu através de um matagal. A Polícia Militar foi acionada e o suspeito, que havia fugido por um matagal, preso pela polícia na parte da tarde.
O crime foi registrado na Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual (Decrin) do DF. Além disso, o deputado distrital Fábio Félix (PSOL-DF) anunciou que vai acionar o Ministério Público e acompanhar o caso através da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa.
Assista aos vídeos que mostram a destruição do terreiro