A juíza Leila Cury, titular da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal (VEP), afastou, preventivamente, dois policiais suspeitos de torturarem o ativista Rodrigo Pilha. A decisão foi tomada em consideração às solicitações das comissões de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados e da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), que acompanham o caso de perto.
“Nós ficamos sabendo nesta quinta (13), por intermédio da deputada Erika Kokay. É um avanço. Não podemos negar que é uma microvitória, mas é uma vitória. É sinal de que as investigações estão andando. A família quer que eles sejam punidos e quer ver o Rodrigo em casa o mais rápido possível”, comentou Erico Grassi, irmão do ativista.
Matéria da Fórum, publicada no dia 29 de abril, denunciou que Pilha, preso em 18 de março por estender uma faixa chamando Jair Bolsonaro de genocida, foi espancado e torturado na prisão, além de ser forçado a dormir no chão.
A recepção de Pilha no Centro de Detenção Provisória II, área conhecida como Covidão, em Brasília, foi realizada com crueldade. Ele recebeu chutes, pontapés e murros enquanto ficava no chão sentado com as mãos na cabeça.
Enquanto Pilha estava praticamente desmaiado, o agente que o agredia perguntava se ele com 43 anos não tinha vergonha de ser um vagabundo petista. E dizia que Bolsonaro tinha vindo para que gente como ele tomasse vergonha na cara.
Depoimentos
Conforme a juíza, após depoimentos dos envolvidos, ela solicitou à Secretaria de Administração Penitenciária (Seape-DF) o afastamento dos policiais “para garantir o resguardo do interesse público e evitar a criação de óbices a uma possível apuração de falta ou colheita de provas, garantindo a lisura das apurações”.
“É preciso investigar com todo rigor necessário. Fundamental o afastamento dos policiais penais suspeitos da prática de tortura na unidade prisional. Vão cumprir serviços administrativos e ficar fora do local, o que ajuda no processo”, afirmou a titular da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, a deputada federal Erika Kokay (PT-DF).
A parlamentar ressaltou que tortura não deve ser tolerada. “Estamos recebendo uma série de outras denúncias de tortura e é preciso dar um basta a isso, a uma prática criminosa defendida pelo presidente da República, mas que precisa ser contestada em nome da democracia, cidadania e da dignidade humana”, acrescentou.
“O caso de tortura sofrido por Rodrigo Pilha e outros internos reflete um sistema falido, incapaz de ressocializar e reprodutor de violências. O afastamento dos servidores que praticam ilegalidades é muito importante para honrar os que trabalham direito. Espero que Pilha seja libertado o quanto antes”, ressaltou o presidente da Comissão de Direitos Humanos da CLDF, Fábio Felix (PSOL).
Com informações do Metrópoles