O jardineiro Cícero José de Melo deixou a cadeia, nesta sexta-feira (9), depois de 15 anos. Ele estava preso na Penitenciária Industrial Regional do Cariri (Pirc), em Juazeiro do Norte, no interior do Ceará, por um crime que não responde na Justiça.
Hoje com 47 anos, Cícero diz que, apesar de inocente, foi preso em novembro de 2005, suspeito de tentativa de homicídio, de acordo com reportagem de Isayane Sampaio, no G1.
“Considero como se eu tivesse sido sequestrado por um crime que eu não cometi nem contra o estado e nem contra a sociedade. Hoje, eu fui colocado em liberdade. A doutora do presídio compreendeu o ato injusto que cometeram comigo me mantendo em cárcere. Passei 15 anos preso injustamente e a juíza se sensibilizou e me soltou”, declarou Cícero.
A juíza Maria Lúcia Vieira acatou pedido do advogado de defesa do jardineiro e determinou que fosse expedido alvará de soltura. Ela afirmou, em sua decisão, “não ter sido constatado motivação para sua manutenção em cárcere”.
O advogado Roberto Duarte afirmou, em entrevista ao G1, que ficou sabendo do caso por intermédio de outro preso, seu cliente. Foi informado a respeito de um homem que estaria detido há mais de uma década sem que houvesse processo contra ele e sem ter passado por nenhum julgamento ou audiência de custódia.
Depois disso, Duarte protocolou junto à direção da Penitenciária do Cariri requerimento de dados, como tempo de prisão, número de processos, comportamento, origem do interno e momento de transferência para a penitenciária.
O caso
Cícero nasceu no Crato, no interior do Ceará. Ele contou que estava na cidade quando foi abordado por policiais, que já chegaram o acusando de ter cometido um crime.
“Fiquei sem saber o que fazer. Não pediram nem identificação, me colocaram dentro da viatura, me fizeram passar vergonha. As pessoas olhando para mim como se eu tivesse cometido crime mesmo. Eu falando que era inocente e eles rindo de mim, rindo da minha cara”, relatou.
Depois da prisão, o jardineiro foi encaminhado para a delegacia da cidade. De lá, foi levado à cadeia do município. “Fui transferido para Pirc no dia 1 de janeiro de 2009. Nunca tive visita. Eu vivi no abandono. Quem me confortava eram Deus e meus parceiros de cela”, desabafou.