Quem olha hoje para Madalena Giordano não imagina o que ela passou e sofreu nos últimos 38 anos. Com expressão alegre, ela viveu quase quatro décadas em situação análoga à escravidão, em um quarto apertado, sem ventilação e janela, em propriedade do professor universitário Dalton Cesar Milagres Riqueira, em Minas Gerais.
Aos 46 anos de idade, Madalena vai, passo a passo, recuperando sua vida e adquirindo novos objetivos, morando em Patos de Minas.
Dalton foi obrigado a firmar acordo extrajudicial com o Ministério Público do Trabalho (MPT) para pagar os seus direitos trabalhistas.
A história dela comoveu internautas. Ainda criança, Madalena foi morar na casa da professora Maria das Graças Milagres Rigueira, que passou a escravizá-la. Em seguida, a “educadora” decidiu “cedê-la” para Dalton Cesar Milagres Rigueira, também professor universitário.
No novo lar, nada mudou. Madalena continuou a trabalhar sem folga, todos os dias da semana, iniciando a jornada às 4 horas da manhã.
Em 2001, ela se casou com Marino Lopes da Costa, tio de Valdilene Rigueira, esposa de Dalton Rigueira. Porém, não chegaram a morar juntos. O marido, um ex-combatente da Segunda Guerra Mundial, deixou pensão para Madalena de, aproximadamente, R$ 8,4 mil mensais. Mas, o “patrão” ficava com quase tudo. “Ele me dava duzentos, trezentos reais”, conta ela.
Bilhetes
O caso de Madalena ganhou notoriedade depois que ela passou a mandar bilhetes aos vizinhos, em pedaços de guardanapo e folhas de caderno, pedindo pequenas quantias em dinheiro e produtos de higiene pessoal. “Me empresta um sabonete para tomar banho. Você recebe minha oração. Madalena”, dizia um dos bilhetes.
De acordo com matéria do UOL, a família Milagres Riqueira ficou com as pensões de Madalena por décadas. Inclusive, usou o dinheiro para financiar os estudos universitários de Vanessa Maria Milagres Rigueira, irmã de Dalton.