O ginasta da seleção brasileira, Arthur Nory, 26, quebrou o silêncio, em entrevista à Folha de São Paulo, nesta segunda-feira (31), após ter feito uma piada racista, em 2015, com o colega de modalidade, Angelo Assumpção.
Arthur Nory, Felipe Arawaka e Henrique Flores compararam a cor de Ângelo Assumpção à saco de lixo, em vídeo publicado nas redes sociais. O ataque racista foi tido como “apenas uma brincadeira” pelos colegas do rapaz negro e rendeu a eles 30 dias de suspensão das atividades olímpicas, seguidos da exigência de um pedido de desculpas público.
Após ter sofrido as consequências vindas da piada racista, Arthur Nory contou ter iniciado um longo processo de desconstrução, onde estudou a fundo tópicos como racismo estrutural e racismo recreativo – termo cunhado pelo advogado Dr. Adilson José Moreira.
“Entendo que cometi um erro, um erro inaceitável, e fui atrás para entender o que é o racismo, o que é um racismo estrutural, o que é o racismo recreativo que é mascarado em piada”, diz.
Durante a entrevista, Arthur disse nunca ter sofrido preconceitos, de fato, no ambiente olímpico, mas reconhece que existem sim várias atitudes problemáticas envolvendo questões raciais e se coloca à disposição para tentar agregar algo à luta antirracista.
“Sempre procurei me blindar, me esquivar [do debate racial], nunca dei importância, embora saiba [hoje] que é importante. A partir do momento em que foi furada essa bolha, eu parei para pensar. Mas nessa trajetória não identifiquei e procurei não ficar preocupado com isso. ”, relata Arthur.
Arthur ainda comentou sobre o papel das Instituições esportistas no combate ao racismo e também a outros preconceitos presentes no ambiente.
“Diversas instituições dentro do esporte já estão promovendo palestras, debates, trazendo pessoas informadas para compartilhar esse conhecimento, para pessoas se policiarem, para desconstruir essa bolha social que a gente vive dentro do esporte. Não é só treino e resultado, existe algo muito maior, o esporte está inserido em uma sociedade. Precisa trazer esses assuntos ali para dentro, desenvolver o cidadão, o ser humano. A partir do momento em que eu saí para ver tudo que estava acontecendo, fui buscar esse conhecimento, essa desconstrução. É reflexo de uma sociedade”, discorre.
Confira aqui a entrevista da Folha de São Paulo