A mulher que faz esse desabafo, numa fala consistente e necessária sobre pobreza e encarceramento, é dona Maria Tereza dos Santos, presidente da Associação dos Amigos e Familiares de Pessoas em Privação de Liberdade. O vídeo em que a mulher, mãe e esposa de internos do sistema prisional, critica a estrutura do encarceramento no Brasil, tem viralizado nas redes sociais ao longo desta semana.
Dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), ligado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, com amostragem feita até o primeiro semestre de 2019, revelam que a população carcerária no país triplicou desde 2000.
São quase 800 mil indivíduos encarcerados. Temos a terceira maior população carcerária do mundo, ficando atrás somente da China e dos Estados Unidos.
Porém, ao contrário do que se imagina, as nossas cadeias não estão repletas de barões do tráfico ou de bandidos perigosos, assassinos frios e desumanos, feras selvagens e indomáveis.
A esmagadora maioria do contingente prisional nos presídios é de pessoas que cometeram delitos e crimes leves, como furtos ou pessoas que foram presas portando pequenas quantidades de drogas. 40% dos presos são provisórios e a maioria é de jovens pretos e pardos com baixa escolaridade.
São pais e mães, filhas e filhos, esposas e maridos. Seres humanos que estão cumprindo pena pelas infrações que cometeram e que, uma vez sob a custódia do Estado, devem ter os seus direitos assegurados.
A fala de Dona Maria Tereza também fala sobre isso. E evidencia como o descaso e a omissão do poder público e a falta de políticas públicas nas regiões pobres, desde a primeira infância, são determinantes para a construção de indivíduos vulneráveis e presas fáceis a aliciadores do crime.
Assista.