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Dezembro é um mês em que a exploração a que trabalhadores e trabalhadoras são submetidos em empregos temporários em lojas de shopping é evidenciada. Um depoimento de uma dessas vendedoras detalhando as condições precárias de trabalho viralizou nas redes e é sempre bom lembrar que, com reforma trabalhista em vigor, essa situação só tende a piorar
Por Redação
Vem circulando com força nas redes sociais, desde a semana passada, a postagem de uma trabalhadora desabafando sobre as condições de trabalho de vendedores de lojas de shopping no mês de dezembro, o mais promissor para os lojistas. É de conhecimento geral que nessa época do ano as lojas contratam milhares de trabalhadores temporários que trabalham muito mais do que é permitido pela legislação para atingirem suas metas de venda.
O texto em questão que viralizou é do ano passado, mas mostra uma realidade comum e que só tende a piorar com a entrada em vigor da reforma trabalhista, capitaneada pelo governo Temer.
"As vezes a gente fica 6/8/10/12 horas de pé, engole a comida sem mastigar pra voltar logo pra loja por que temos uma meta absurda pra bater. É crise, ninguém quer gastar... O patrão não entende. Sem meta batida, sem comissão no fim do mês. A maioria daqui tem depressão", diz a trabalhadora em um trecho de seu desabafo.
Ela segue o texto falando sobre as jornadas exaustivas e o não pagamento de horas extras. "A gente abre mão de folga pra atingir a meta. Ou o patrão no 'posso contar com você?' te faz trabalhar duas ou três semanas sem folga. Ter folga no domingo é luxo! Hora extra? Aqui a gente não recebe um centavo por isso", detalha.
Com a aprovação da reforma trabalhista essa situação só tende a piorar. A nova legislação permite que as empresas contratem trabalhadores em regime intermitente. Sem horário fixo, o trabalhador ou a trabalhadora recebe por hora trabalhada.
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Confira, abaixo, a íntegra do depoimento que viralizou nas redes sociais.
Trabalhar em shopping é foda.
A gente tem que limpar, vender, argumentar e convencer.
Se produtos somem, a gente paga.
As vezes a gente fica 6/8/10/12 horas de pé, engole a comida sem mastigar pra voltar logo pra loja pq temos uma meta absurda pra bater. É crise, ninguem quer gastar... o patrão nao entende. Sem meta batida, sem comissão no fim do mês. A maioria daqui tem depressão, A faxineira que ouve dondocas incomodas com elas no banheiro ou na praça de alimentaçao, segurancas que ficam 12 horas andando pelo shop, lojistas que no dia anterior ficou até 00:00 arrumando estoque e no outro dia tem q ta aqui 9:30 pq começa tudo de novo.
No dia que estamos tao cansadas que nem temos saco de ficar se maquiando pra ficarmos "apresentaveis" a gente ouve reclamação de clientes: "você é tao bonita pq nao passa um batom?" "Voce ficaria linda se tivesse o cabelo lisinho, acho que combina mais com vc"
O dia que nos arrumamos temos que aguentar cliente nos assediando, mas nada de gritar com eles... afinal, vc não pode perder a postura, vc esta representado a empresa.
Aquele desconto que a gente dá na sua compra, é o pouco que falta pra gente bater a nossa meta no fim do mês.
A gente abre mão de folga pra atingir a meta.
Ou o patrão no "posso contar com voce?" Te faz trabalhar duas ou tres semanas sem folga.
Ter folga no domingo é luxo!
Hora extra? Aqui a gente nao recebe um centavo por isso.
Entao quando vocês forem fazer suas compras de natal, pelo menos respondam o nosso boa tarde. Nao reclamem quando o vendedor estiver sentado e não na porta da loja em pé te esperando. Por tras desse clima agradevel de compras, promoções, papai noel e consumismo, existe milhares de trabalhadores explorados e depressivos.