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"Muita gente imaginou que eu estaria chorando pelos corredores, mas na verdade é o seguinte, gente: eu já lido com essa questão do preconceito desde que eu me entendo por gente. Claro que eu fico muito indignada, fico triste com isso, mas eu não esmoreço, não perco o ânimo", afirmou a jornalista ao vivo durante o Jornal Nacional
Por Redação
A jornalista Maria Júlia Coutinho – mais conhecida como Maju – respondeu as ofensas racistas de que foi alvo na página do Jornal Nacional no Facebook na última sexta-feira (4). "Os preconceituosos ladram, mas a caravana passa", disse ao vivo na noite de ontem.
William Bonner, âncora do JN, pediu para que Maju falasse sobre a situação que havia vivido. Foi então que ela, uma das únicas profissionais negras do departamento de jornalismo da emissora, disparou: "Estava todo mundo preocupado. Muita gente imaginou que eu estaria chorando pelos corredores, mas na verdade é o seguinte, gente: eu já lido com essa questão do preconceito desde que eu me entendo por gente. Claro que eu fico muito indignada, fico triste com isso, mas eu não esmoreço, não perco o ânimo, que eu acho que é isso que é o mais importante."
"Eu cresci numa família muito consciente, de pais militantes, que sempre me orientaram. Eu sei dos meus direitos. Acho importante, claro, essas medidas legais serem tomadas, até para evitar novos ataques a mim e a outras pessoas. Eu acredito que isso é muito importante", afirmou. Maju também agradeceu o apoio que recebeu tanto dos colegas de trabalho, como do público em geral: "Quero manifestar a felicidade que eu fiquei, porque é uma minoria que fez isso. Eu fiquei muito feliz com a manifestação de carinho mesmo, como vocês disseram. Eu recebi milhares de e-mails, de mensagens. Acho que isso que é o mais importante."
"E a militância que eu faço, gente, é com o meu trabalho, é fazendo o meu trabalho sempre bem feito, sempre com muito carinho, com muita dedicação, com muita competência, que eu acho que é o mais importante. E, pra finalizar, Bonner e Renata, é o seguinte: os preconceituosos ladram, mas a caravana passa. É isso", finalizou.
Antes de chamar Maju, Bonner informou que o ataque racista à colega já está sendo investigado no Rio de Janeiro (por meio da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática, a pedido do Ministério Público) e em São Paulo (através de inquérito instaurado pelo promotor criminal Cristiano Jorge dos Santos para apurar os crimes de racismo e injúria qualificada). De acordo com Bonner, a Rede Globo também estaria "estudando as medidas judiciais cabíveis".