Escrito en
DIREITOS
el
Anestesista acusa obstetra de tê-la chamado de "negrinha" em meio a uma discussão na Santa Casa de Barretos; o Cremesp apura o caso
Por Redação
[caption id="attachment_68083" align="alignleft" width="224"] A anestesista Carolina Bernardes (Foto: Arquivo pessoal)[/caption]
A anestesista Carolina Bernardes afirma ter sido vítima de racismo na Santa Casa de Barretos, interior de São Paulo, no início deste mês. Ela acusa o obstetra Fernando de Carvalho Jorge de tê-la insultado durante o atendimento a um paciente. "Ele se referiu a mim como negrinha depreciativamente no meio de uma discussão”, contou Bernardes ao portal G1.
Em 7 de junho, a médica registrou boletim de ocorrência sobre o caso. De acordo com seu relato, ela atendia um homem que apresentava fratura exposta na mão quando Jorge solicitou que anestesiasse uma mulher em trabalho de parto. “Tentei explicar que já chegaria à paciente e que aguardasse no máximo 30 minutos, que eu poderia realizar a dele também. Neste momento, o dr. Fernando Jorge iniciou com gritos que ia reclamar, pois eu estava ‘quebrando a mão', que estava com preguiça e que poderia anestesiar a sua paciente ao invés de ficar ‘sentada batendo papo”, afirma. Foi neste momento que o obstetra a ofendeu dizendo “cala boca, negrinha”.
Passado o episódio, Jorge denunciou Bernardes à direção do hospital por "omissão de socorro", e uma sindicância foi aberta para apurar o ocorrido. Antonio Carlos dos Santos, advogado da anestesista, declarou que um ofício chegou a ser enviado à cooperativa da qual sua cliente é funcionária, solicitando seu afastamento.
Em contrapartida, a Santa Casa de Barretos informou na última segunda-feira (22) que também investigará se Jorge cometeu discriminação contra a colega. Além disso, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) averigua o caso.
O Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência (Sinprev) também tomou providências: por meio de sua comissão de Política de Raça e Gênero do Sinsprev, levou o fato ao grupo Tortura Nunca Mais, de São Paulo. "É um caso absurdo, de flagrante perseguição e de assédio contra a moça pelo hospital, além do crime de racismo propriamente dito cometido pelo médico”, argumenta Lúcio França, advogado do Tortura Nunca Mais, ao jornal O Estado de S. Paulo. O Sinsprev pretende denunciar o caso ao departamento jurídico do SOS Racismo, na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).