Escrito en
DIREITOS
el
Promotora pública do Gecep confirmou que o áudio gravado pela travesti não corresponde à verdade dos fatos; mãe de Verônica reconhece erro da filha, mas repudia a violência com que foi tratada
Por Pragmatismo Político
A travesti Verônica Bolina, 25, que ficou com o rosto desfigurado após ser espancada na carceragem do 2º Distrito Policial, no Bom Retiro, em São Paulo, disse ao Ministério Público que mentiu durante o depoimento que gravou em que afirma não ter sido torturada pela Polícia Militar. Bolina disse que negou as agressões dos policiais em troca de redução de pena. A declaração foi prestada a promotores do Grupo Especial de Controle Externo da Atividade Policial (Gecep).
“Ela (Verônica) disse que a gravação não corresponde à verdade dos fatos. Quando perguntamos por que teria gravado o áudio, ela disse que prometeram auxiliá-la com uma diminuição de pena”, disse a promotora pública do Gecep, Luciana Frugiuele.
A proposta e as gravações teriam sido feitas por Heloisa Alves, coordenadora de Políticas para a Diversidade Sexual do Estado de São Paulo, órgão vinculado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do governo estadual. As gravações foram feitas na delegacia, durante visita da coordenadora. Em um dos áudios (escute aqui), Verônica afirma: “Eles reagiram dentro de suas leis” e era direito deles agirem “para contê-la”.
A mãe da travesti, Marli Ferreira Alves, já havia negado a versão da Secretaria da Segurança Pública (SSP), segundo a qual Verônica teria sido espancada por outros presos após se masturbar na frente deles. Marli afirmou que foram policiais quem bateram nela.
“Não teve aquela história de preso bater e se masturbou na cadeia. Não teve nada disso. Pensa bem: ela está com a cabeça do jeito que ela está. Você acha que ela ia se masturbar na prisão? Graças a Deus que vazou tudo isso (fotos de Verônica) na internet. Porque se não tivesse vazado, talvez ela estaria morta agora”, comentou a mãe de Verônica.
Investigações
A Corregedoria da Polícia Civil abriu inquérito para investigar o caso depois que a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados cobrou do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), informações sobre as agressões praticadas por policiais contra Verônica.
Verônica Bolina foi presa por agredir sua vizinha, Laura P., uma senhora de 73 anos. A vítima das agressões de Verônica quer Justiça para o caso, assim como o filho dela, que reclamou da ‘campanha’ que está sendo feita em favor da travesti. Laura sofreu ferimentos por todo o corpo e perdeu alguns dos dentes superiores após as agressões sofridas.
A mãe de Verônica reconhece o erro da filha, mas repudia a violência com que foi tratada. “Ela errou, mas ela também não deveria ter sofrido o que sofreu. Ela não tem rosto agora, infelizmente. Muita humilhação. Ela vai se recuperar porque ela falou que vai sair dali e vai ser a Verônica de novo”, disse Marli.
(Ilustração: Vitor Teixeira)