“É uma excrescência autoritária”, diz ativista sobre monitoramento militar

Em parceira com a ABIN e com a Polícia Federal, Exército criou um órgão que vai trabalhar no monitoramento de grupos sociais considerados “perigosos”

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Em parceira com a Abin e com a Polícia Federal, Exército criou um órgão que vai trabalhar no monitoramento de grupos sociais considerados “perigosos” Por Marcelo Hailer Nesta semana uma notícia chamou a atenção de ativistas políticos: a de que o Exército criou um órgão para colher informações e monitorar movimentos sociais. O objetivo, segundo os militares, é acompanhar o movimento de grupos como "black bloc (sendo que este não é um grupo, mas sim uma tática) e trabalhadores sem-teto" para que futuras manifestações sejam enquadradas no código de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Mas a coisa não para por aí. Para o Exército as atuações de vários grupos sociais são "similares a guerrilhas urbanas e rurais e há a desconfiança de que tenham ligação com organizações criminosas das grandes capitais". O trabalho será feito em conjunto com o Centro de Inteligência do Exército (CIE), Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e Polícia Federal. A pergunta que fica é: a quem interessa monitorar os grupos políticos? Para o ativista do grupo Identidade, Paulo Mariante, trata-se de um fator com ares totalitários. “Isso é uma excrescência autoritária, típica do que vivemos durante a ditadura militar de 1964. Se a função das Forças Armadas num Estado democrático é a defesa da Nação, o que justificaria esse absurdo?”, questiona Mariante. Jota Mombaça, ativista que se define como "bruxo político e pop guerrilheiro", diz que à “primeira vista”, o principal interessado seria o Estado. “Talvez estejamos em face de uma 'soberania”'que excede em muito os domínios do Estado-nação. Muito se fala num retorno à ditadura militar, e que talvez a Copa tenha servido para reacender a chama de um nacionalismo ora pálido. Não sei. Temos outra coisa: a possibilidade de uma democracia sem exterioridade, da qual não consigamos sequer nos exilar”, reflete Mombaça. Para Mariante, trata-se de uma ameaça à democracia. “Apenas a ideia fascista de que os movimentos sociais são uma ameaça à democracia... Devemos exigir que a presidenta Dilma, que é a chefe das Forças Armadas, impeça esse desatino autoritário”, comenta. Mombaça atenta para o fato de que o Brasil começa a servir de dispositivos sofisticados de vigilância dentro de um plano da ocidentalização do mundo. “Acho que esse é o campo de forças que essas polícias de segurança criam, porque, se olharmos com cuidado, elas revelam um plano político de dimensões imperiais, que vão cruzar o mapa da ocidentalização do mundo de formas cada vez mais totalitárias. Então, acho que há uma multiplicidade de interesses alimentando esses sistemas de monitoramento sofisticado do qual o Brasil está se servindo agora”, diz o ativista. Foto: Refundação Comunista