Na gana por lacrar, Nunes mal sabe que expôs a sua própria ineficiência. Para quem não sabe, foi inaugurado em São Paulo um “Prisômetro”, que é um painel instalado no Centro que mostra, entre outras coisas, as prisões realizadas pela sua CGM – futura Força Metropolitana. Tal ‘empreendimento’ foi recebido com pompas, presença do prefeito, secretário, fotos e imprensa.
O melhor comentário que vi até o momento sobre o ‘artefato’ foi o feito pelo jornalista Leandro Demori, que disse, entre outras coisas, não ver a hora dos dois (prefeito e secretário) terem suas prisões registradas no painel. Contra o Nunes, pelo menos, já existem investigações em andamento, e alguns poderão dizer que ‘onde há fumaça, há fogo’. Bem, o tempo mostrará.
Voltando a razão deste artigo, em qualquer lugar em que se preze pelo bem-estar da população, esperaríamos de nossos representantes boas novas do tipo: fechamento de presídios, redução da criminalidade a patamares risíveis, a percepção de estarem as pessoas andando nas ruas sem medo, bem como os condomínios fechados entrando em desuso. Essas seriam notícias espetaculares para a população paulistana, mas não foi isso o que o prefeito trouxe. Não o culpo, cada um dá o que tem.
Em linhas ocultas, ele diz que a previsão de prefeitura é que mais e mais jovens aderirão a criminalidade, espera-se também que o volume de assaltos permaneça em patamares altíssimos, reforçando que a municipalidade de São Paulo não tem a mínima ideia do que possa fazer para atuar na prevenção de crimes a não ser inchar o aparato policial (como dinheiro não nasce em árvore – deixará de ser investido em outro lugar) e fazer ‘mídia’, ou ‘média’. Não o condeno também, não faltarão cegos para aplaudi-lo.
Nunes, um autoproclamado “político moderado”, está abraçando o bolsonarismo com toda a sua força e obstinação. Só não consigo prever se ele conseguirá convencer essa claque, mas que está agradando, está.
*Pedro Chê é Policial civil no Rio Grande do Norte e membro do grupo Policiais Antifascistas.
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.
