O Dia Internacional do Orgulho LGBT, celebrado anualmente em 28 de junho, é uma data de grande importância histórica e social. Originada das rebeliões de Stonewall de 1969, esta data é uma oportunidade para reafirmar o orgulho sobre orientações sexuais e identidades de gênero que frequentemente são marginalizadas e reprimidas. É um momento para visibilizar a presença da comunidade LGBT na sociedade e suas reivindicações por direitos e igualdade.
Tenho imenso orgulho de ser um babalorixá gay. Nossa religião tem o compromisso de acolher de braços abertos a diversidade e que se tornou um refúgio seguro para muitos dentro da comunidade LGBT, da qual também faço parte. Como babalorixá, encontro no candomblé um espaço de aceitação e respeito, onde posso ser autêntico e viver minha verdade.
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Ser um pai de santo gay e negro é enfrentar uma série de desafios constantes. A sociedade, muitas vezes, tenta nos empurrar para as margens, nos “guetificando ”. No entanto, gosto de lembrar a todos que não somos minoria, somos minorizados. A diferença é crucial. Ser minorizado significa que há uma ação externa tentando nos reduzir, tentando diminuir nossa importância e nossa visibilidade. E é contra essa força que resistimos diariamente.
A resistência da nossa comunidade é uma fonte inesgotável de força e inspiração. Saber que pertenço a uma rede de pessoas que não apenas sobrevivem, mas que lutam por um mundo mais justo, me dá ânimo para seguir em frente. Nossa existência e resistência são atos políticos. Quando levantamos nossas vozes e reivindicamos nosso espaço, estamos desafiando um sistema que tenta nos silenciar.
O candomblé, com sua rica herança cultural e espiritual, oferece um terreno fértil para essa resistência. Aqui, celebramos nossas identidades, honramos nossos ancestrais e encontramos a força necessária para enfrentar os desafios externos. É uma comunhão de fé, amor e aceitação que transcende as barreiras impostas pela sociedade.
Portanto, neste Dia do Orgulho LGBT, celebro não apenas a minha identidade, mas também a resiliência da nossa comunidade. Celebro o candomblé que me acolhe e me fortalece. Celebro a resistência contínua de todos nós que, apesar de sermos minorizados, permanecemos firmes, orgulhosos e inabaláveis em nossa jornada. Que continuemos a nos erguer, a resistir e a celebrar nosso orgulho com a dignidade e o respeito que merecemos!
Axé!
*Pai Dário é um homem negro, gay, cria da Serrinha, jongueiro, artista, militante e Babalorixá. Nascido e criado com influência do samba, do jongo e da música, Dário Firmino iniciou sua trajetória novo, aprendendo com os mais velhos as musicalidades e danças brasileiras. É arte-educador, coreógrafo, produtor e diretor artístico.