Raul Jungmann*
Nos últimos anos, as mudanças climáticas e a intensificação dos desastres naturais fizeram com que a pauta ambiental saísse do escopo restrito dos ambientalistas e se tornasse uma questão global. Hoje, meio ambiente é tema estruturante nas agendas econômica, política, internacional e social. Nesse contexto, poucas – para não dizer nenhuma outra – partes do planeta recebem tanta atenção quanto a nossa Amazônia.
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Conservar a biodiversidade e combater o desmatamento na região se tornou imperativo para o progresso do Brasil e para mitigar os impactos do aquecimento global. Contudo, a Amazônia não é um território desocupado. Ali vivem quase 30 milhões de pessoas que dependem dos recursos disponibilizados pela floresta para viverem com dignidade. Qualquer agenda ambiental que desconsidere a defesa e o respeito aos Povos da Floresta está condenada ao fracasso.
Por isso, termos como descarbonização, transição energética, bioeconomia, economia circular, mercado de carbono e economia verde têm ganhado cada vez mais espaço em debates internacionais de alto nível e também em ações e esforços de governos e organizações locais.
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As novas economias estão no centro da transição de um cenário de degradação ambiental para outro no qual a manutenção da floresta em pé não impacte na qualidade de vida da população. Pelo contrário, as novas economias são o caminho para a conservação da floresta e para a geração de renda e promoção de bem-estar entre os amazônidas. É o equilíbrio necessário entre desenvolvimento socioeconômico e sustentabilidade.
Embora a mineração, por definição, não seja considerada uma atividade sustentável, pela natureza exaurível intrínseca do recurso mineral, o setor abraçou a sustentabilidade e a responsabilidade socioambiental entre suas práticas empresariais. Por exemplo, temos investido em operações mais seguras e ambientalmente menos impactantes. Também temos atuado para combater o garimpo ilegal na Amazônia, especialmente em terras indígenas. Além disso, o setor de mineração está empenhado em contribuir para a solução dos problemas que envolvem a floresta amazônica e a população da região.
É com esse intuito que, entre os dias 30 de agosto e 1º de setembro, o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) vai reunir, em Belém (PA), representantes dos setores público e privado, da sociedade civil e das comunidades tradicionais para tratar de questões que envolvem meio ambiente, socioeconomia e desenvolvimento sustentável na Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias.
Ressalto que nosso objetivo com o evento não é fazer negócios, mas contribuir para a melhoria da qualidade de vida de quem vive ali e para a manutenção da floresta em pé. Por isso, inclusive, conseguimos mobilizar tantos nomes relevantes, no cenário nacional e internacional, para debaterem conosco ao longo dos três dias. Refiro-me a algumas das principais lideranças globais, como o 8º Secretário-Geral da ONU, Ban Kinmoon; o presidente do ICMM, Rohitesh Dhawan; o embaixador da UNESCO para a Sustentabilidade, Oskar Metsavaht; e Neidinha Suruí, ativista na Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, dentre outros.
Essa foi a forma que encontramos para marcar a nossa entrada na construção de uma agenda verde para a Amazônia. Acreditamos que dali sairão diretrizes fundamentais para a caminhada do setor de mineração, além de promover a troca qualificada de informações e aproximar os diversos segmentos envolvidas no processo de fortalecimento das novas economias na região. Uma Amazônia conservada, produtiva e sustentável é possível, e nós vamos em direção a ela.
*Diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), exministro do Desenvolvimento Agrário, da Defesa e da Segurança Pública e ex-deputado federal.