Por: Mônica Francisco*
Recentemente, a população do Rio de Janeiro foi surpreendida com a notícia de que o governador Cláudio Castro, planeja desobrigar o uso de máscaras em locais abertos. Votei de forma contrária no plenário da Alerj e expressei nas minhas redes que não é momento para isso. É preciso continuar ouvindo a ciência.
Fizemos um levantamento dos dados do governo estadual dispostos no do percentual de população acima de 18 anos vacinada em todos os 92 municípios do estado do Rio. É consenso na área da ciência que, a não ser que a pessoa tenha recebido a vacina de dose única (caso exclusivo da vacina da Jansen), ela só pode ser considerada imunizada se tiver tomado, pelo menos, duas doses. Somamos o percentual de vacinados com dose única, os que estão com duas doses e com dose de reforço, e constatamos que o quadro da imunização no estado do Rio não é dos melhores.
Temos 21 municípios com menos de 29% da população imunizada, 45 municípios com 30% até 49% da população imunizada e só 24 municípios com mais de 50% até 69% da população imunizada. Apenas dois municípios estão com mais de 70% da população imunizada, sendo que hoje em dia a Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita que o número mínimo seguro seria maior que 70%, por causa das variantes.
A análise destes dados nos leva a constatar que a cobertura vacinal no estado do Rio de Janeiro é extremamente desigual. Ao mesmo tempo em que temos municípios como Rio de Janeiro, Niterói, e Macuco, com 66,40%; 77,13% e 77,17% da população imunizada respectivamente; temos municípios cujos percentuais de imunização não chegam sequer aos 20%. Dentre os municípios com menores índices de imunização se destacam Macaé, o município com pior índice de imunização, com 15,33%; Paraty, Queimados e São Fidélis com 16,47%; 17,61% e 18,54% respectivamente. Por isso, oficiamos a Secretaria de Saúde destes municípios para entender o que está acontecendo.
O governo do estado do Rio de Janeiro deveria estar preocupado com a desigualdade da cobertura vacinal, tentando descobrir o porquê desses índices e trabalhando para melhorá-los. Está faltando vacina? Profissionais da saúde estão em número insuficiente? É necessário melhorar os horários de vacinação? Ou as pessoas estão desinformadas e é preciso fazer campanhas educativas?
Discurso é tecnologia de poder e precisamos cuidar para que não caiamos nas armadilhas do negacionismo. É importante lembrar também que não há previsão para vacina em crianças no estado. Tanto o fim da pandemia quanto a não contaminação de crianças e adolescentes dependem do comprometimento da população adulta, que deve estar vacinada e usando máscara. É dever do Estado garantir os protocolos sanitários adequados.
*Mônica Francisco é deputada estadual pelo PSOL, integrante da Comissão de Saúde da Alerj e participou da Comissão Especial de Gastos com a Covid-19.