15 de maio: Dia do Assistente Social – “#Assistente Social Essencial’, por Sol Massari

“Muitos profissionais da nossa categoria, tão essencial como nunca nesse momento pandêmico, estão atuando bravamente em hospitais, unidades de saúde e na assistência social”

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Por Sol Massari*

Em 15 de maio, comemora-se o Dia do Assistente Social. Mais que uma comemoração, é um dia para darmos visibilidade a essa categoria profissional.

Inserida na classe trabalhadora, essa é uma profissão que faz parte da história do Brasil há 84 anos, com uma trajetória na luta e na conquista de direitos. Tem sua origem na Igreja Católica, com seus fundamentos teóricos estruturados no final do século 19, coincidindo com o início do processo de industrialização e do crescimento da população urbana.

Em 1957, a profissão foi regulamentada pela Lei 3252/57, posteriormente pelo Decreto 994 de 15 de maio de 1962 e com a aprovação da Lei 8662/93, que passa a dispor sobre a profissão e outras providências.

Desde então, o piso salarial nunca foi unificado, variando nas ofertas entre R$ 1.500,00 a R$ 2.400,00, segundo o Guia da Carreira.

Poucos são aqueles que conseguem construir sua trajetória profissional alcançando cargos com salários mais elevados. Entretanto, é comumente ouvido por nós, assistentes sociais, que trabalhamos somente seis horas diárias. Sim, é verdade, mas também é verdade que muitas vezes é preciso estarmos em dois empregos para alcançar um valor salarial mais digno.

É importante ressaltar que, desde 2009, tramita na Câmara dos Deputados o PL 5278/09, que tenta estabelecer o piso salarial mínimo. Entretanto, até o momento não foi aprovado e, com isso, a precarização salarial do profissional assistente social continua consolidada.

Fica claro, portanto, que se houver interesse em ingressar em um curso desejando enriquecer financeiramente com o trabalho, esse não é o Serviço Social. Mas se quer um enriquecimento intelectual, político e filosófico, se carrega em sua essência a indignação perante um mundo tão desigual e injusto, haja a vista vivermos em um país em que mesmo o saneamento básico não é acessível para parte de sua população, bem como a educação, a saúde, o lazer e a cultura, então o caminho, com toda certeza, é cursar Serviço Social.

Ser assistente social possibilita não somente descortinar o olhar e enxergar o que está escondido na sociedade, como também compreender a produção da pobreza, da fome e da manutenção da exclusão social. É não aceitar o discurso que ser miserável é culpa do indivíduo, nem retirar do Estado a sua responsabilidade de garantir a todos o acesso aos mínimos sociais.

Dessa forma, o profissional torna-se um questionador da realidade e do cotidiano, das mazelas sociais e da constante perda de direitos, e se pergunta: a quem interessa manter a desigualdade? A quem interessa manter a exclusão social e a privação de muitos ao acesso aos direitos? É nessa luta que os profissionais assistentes sociais se inserem e fazem do seu cotidiano a denúncia diária das violações dos direitos humanos.

Assistentes sociais não são, de maneira alguma, a fantasiosa imagem de moças boazinhas que fazem a caridade, nem a de homens solteiros que se dedicam à benevolência.

Com afinco, nos dedicamos e estudamos por quatro anos para nos tornar bacharéis em Serviço Social, e depois partimos para as especializações, mestrados, doutorados e pós-doutorados. Portanto, não fazemos caridade, tampouco assistencialismo. Nós unimos, todos os dias, a ótica teórica à prática profissional.

Dia 15 de maio é o dia da visibilidade dos profissionais assistentes sociais que, muitas vezes, são os responsáveis por romper com a herança da política da barganha e, em contrapartida, visam por garantir a política do direito.

Atuamos na interdisciplinariedade, pois entendemos que nenhuma profissão se faz sozinha e que nenhum profissional consegue atuar individualmente. Assim, na data de hoje, é preciso garantir que nossa profissão seja vista pela sociedade e que possamos, como classe trabalhadora lutar pela valorização e respeito aos profissionais que fazem do seu cotidiano a luta por uma sociedade mais justa, ética e igualitária.

A partir disso, se faz importante apresentar a você, caro leitor, a nossa campanha #AssistenteSocialEssencial. Muitos dos profissionais da nossa categoria, tão essencial como nunca nesse momento pandêmico, porém tão esquecida, estão atuando bravamente em hospitais, unidades de saúde e na assistência social.

Por estarem na linha de frente, infelizmente temos casos de colegas que estão contaminados, internados ou que vieram a óbito, e mesmo aqueles que permanecem saudáveis estão com o psicológico abalado.

Assim, a criação da campanha traz consigo o objetivo de reunir força e coragem, com os mais diversos rostos e localidades, e dizer para todas e todos que estamos em união.

Essa campanha conta com mais de 100 rostos e com apoio da Federação Nacional dos Assistentes Sociais (Fenas), assim como da Associação Bahiana de Profissionais de Serviço Social (ABAPSS) e o Sindicato dos Assistentes Sociais do Estado do Amazonas.

*Sol Massari é assistente Social, Cress 23.301, ativista dos direitos humanos e da defesa da mulher

*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum

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