Por Alencar Santana Braga*
Nesta semana ficamos absolutamente estarrecidos com o comportamento do Ministro da Economia, Paulo Guedes, ao afirmar que o dólar alto era bom porque, nos tempos do dólar a R$ 1,80, até doméstica podia ir pra Disneylândia.
Muito além do preconceito que já é a marca do governo Bolsonaro, assim como o racismo, o machismo e a perseguição ao pensamento, essa fala representa a incapacidade de Guedes em assumir sua incompetência em gerenciar as contas do país frente à crise, o desemprego recorde e à moeda americana batendo incríveis R$ 4,30, encarecendo produtos básicos como combustíveis, medicamentos e até o pão, além de deixar nossas empresas públicas, como a Petrobras e o Banco do Brasil, mais baratas para o especulador estrangeiro.
Representa também qual é o recorte claro de quem Bolsonaro e sua trupe representam: a elite rentista, os milionários, os "véios da Havan" e os "Dorias".
Para o Guedes, estudante é vagabundo, assalariado quer direitos demais, beneficiário do INSS é problema e quem ganha Bolsa Família é folgado.
Para o Guedes, servidor público é parasita. Professor é parasita. Médico é parasita. Assistente Social é parasita. Só não é parasita quem recebe dezenas de milhares de reais todos os meses do Estado.
E, principalmente, a fala de Guedes deixou claro quem ele chama de "domésticas": justamente quem foi pra rua de verde e amarelo pedir pelo impeachment e os próprios apoiadores - e a base de sustentação - do Bolsonaro. Eram aquelas pessoas que iam ou sonhavam ir pra Disney.
O "doméstica" de Guedes passa longe das pessoas que trabalham dignamente com serviços domésticos. Do alto de seu elitismo, o ministro chama de "domésticas" a classe média, a classe trabalhadora, os desempregados e toda população que não está no 1% de abastados para quem ele e Bolsonaro governam.
A "doméstica" de Guedes é você.
*Alencar Santana Braga é deputado federal (PT-SP)
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum