Durante apresentação na França, no dia 19 de junho — data marcada pelo Juneteenth, que celebra o fim da escravidão nos Estados Unidos — Beyoncé apareceu no palco com uma blusa estampada com a frase “Buffalo Soldiers”. A escolha do figurino faz referência a uma parte importante da história afro-americana e à trajetória de soldados negros nos EUA após a Guerra Civil.
Conhecidos como Buffalo Soldiers, esses homens eram ex-escravizados que se alistaram voluntariamente no Exército da União para lutar contra a escravidão no Sul. Após o fim da guerra, em 1866, eles passaram a integrar unidades segregadas, comandadas por oficiais brancos. Suas funções incluíam proteger ferrovias, rotas comerciais e participar de conflitos com povos indígenas, especialmente no Oeste do país.
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Contradições
Apesar de sua importância na história da luta por liberdade, a trajetória dos Buffalo Soldiers também levanta questionamentos. Muitos desses regimentos foram usados pelo governo dos EUA em campanhas militares que reprimiram e deslocaram povos indígenas de seus territórios. Entre 1866 e 1890, os soldados negros participaram de ao menos 177 confrontos, incluindo a chamada Guerra do Rio Vermelho, contra nações como os Kiowa, Comanche e Cheyenne.
Para estudiosos, há uma tensão histórica nesse ponto: uma minoria oprimida foi utilizada para submeter outra. Alguns autores enxergam nessa escolha uma lógica racista e eugenista, que explorava divisões raciais para expandir o domínio do Estado sobre territórios indígenas.
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Essa mesma história foi resgatada por Bob Marley na canção “Buffalo Soldier”, lançada nos anos 1980. Na música, Marley relaciona a luta desses soldados à diáspora africana e à experiência de pessoas negras em diferentes partes do mundo, incluindo a Jamaica, sua terra natal.