O dramaturgo Gerald Thomas Sievers, de 70 anos, voltou atrás após sair publicamente em defesa do humorista L??o Lins, condenado a oito anos de prisão por fazer piadas com teor considerado criminoso e preconceituoso. Referência no teatro, com mais de cinco décadas de carreira, Gerald utilizou as redes sociais para se retratar, dizendo estar "consternado, envergonhado e triste consigo mesmo".
“Fui levado pela manchete da coisa, sem saber quem era o cara. Só depois de ter publicado tudo isso é que tive consciência. Jamais deveria ter feito isso”, afirmou o diretor em vídeo publicado no Instagram. A declaração faz referência a postagens anteriores em que defendia a liberdade de expressão do comediante.
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Gerald contou que apagou as publicações e pediu desculpas aos que se sentiram ofendidos. “Retirei os três posts que eu fiz em relação à liberdade de expressão de um humorista que, se eu tivesse prestado atenção ao conteúdo, jamais teria escrito o que escrevi”, disse. “Infelizmente, cheguei a essa conclusão tardiamente.”
Ataque à liberdade de expressão
O diretor explicou que sua reação inicial foi motivada pela manchete sobre a condenação de Léo Lins, entendendo, naquele momento, que se tratava de um ataque à liberdade de expressão. Contudo, reconheceu que não havia se aprofundado no conteúdo das piadas do humorista. “O que eu defendi foi o direito de expressão, e não o conteúdo. Ao analisar com profundidade, é realmente uma loucura o que ele faz. É horroroso e nojento”, afirmou.
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Gerald também destacou que sua trajetória artística não compactua com nenhum tipo de discurso de ódio. “Quem me conhece e conhece meu trabalho no teatro sabe que eu não sou homofóbico, nazista... Justamente o contrário. Então jamais poderia defender esse tipo de horror. Estou arrependido”, declarou.
Ele reforçou que, apesar de ser um defensor da liberdade de expressão, esse princípio não deve ser usado como justificativa para práticas ofensivas e criminosas. “Não apoio o tipo de ‘piada’ que esse sujeito faz. Isso me causa repulsa. E lamento profundamente ter me precipitado sem saber de quem se tratava”, completou.
A retratação ocorre dias após a Justiça de São Paulo condenar Léo Lins por piadas envolvendo pessoas com deficiência, minorias étnicas e até vítimas de tragédias. “Todos erram, e eu errei feio. Mas também é preciso saber reconhecer o erro”, concluiu Gerald.