SANTO ANTÔNIO

Pãozinho de Santo Antônio: de onde vem a tradição do dia 13 de junho

Nascida de um milagre, a tradição de Santo Antônio garante que não falte alimento nas casas o ano inteiro; entenda a origem

Vitral retrata Santo Antônio de Pádua com criança.Créditos: free source
Escrito en CULTURA el

"Hoje é dia Santo Antônio. É dia de ir a uma igreja, pegar o pãozinho de Santo Antônio e guardar na cozinha", diz, em vídeo na sua rede social, Luiz Antônio Simas, escritor, historiador e compositor brasileiro especializado em cultura e história popular do Brasil, autor de Dicionário de História Social do Samba (2015) e duas vezes vencedor do Prêmio Jabuti.

A tradição a que Simas se refere nasceu de um milagre atribuído a Santo Antônio de Pádua (1195 - 1231), ministro que serviu como enviado da Ordem ao papa Gregório IX e tinha um longo histórico de trabalho social com os mais necessitados.

O santo lisboense, mais conhecido por sua fama de "casamenteiro", era também um pregador habilidoso (apelidado de malleus hereticorum, o "martelo dos hereges", por seus contemporâneos), e foi parte de inúmeros milagres, realizados na sua presença ou em seu nome.

Santo Antônio de Pádua em pintura de 1577.
Créditos: WikiArt/ reprodução

Um deles foi o que originou a tradição que sobrevive até hoje em igrejas católicas: a da distribuição do "pãozinho de Santo Antônio" para garantir que não falte comida e fartura em casa. Na verdade, a tradição tem mais de uma origem.

De acordo com o padre Oliviero Svanera, reitor da Basílica de Santo Antônio de Pádua, na Itália, um dos milagres, aquele realizado no dia 13 de junho, foi em favor de uma criança de 20 meses de idade, Tomasito, que havia se afogado num poço de água.

"A mãe, desesperada, invocou a ajuda do santo", conta o sacerdote italiano, "e fez uma promessa: se conseguisse esta graça [de salvar o menino], ia dar aos pobres uma quantidade de pão igual ao peso do menino".

Milagrosamente, o menino voltou à vida, salvo do afogamento, e então surgiram duas iniciativas de caridade em nome de Santo Antônio: a Obra do Pão dos Pobres, uma organização em Pádua que se dedica a levar alimentos à população vulnerável; e a Caritas Antoniana Onlus, uma ordem de caridade dos frades de Santo Antônio, que apoiou, em 2016, mais de 120 projetos de desenvolvimento atuando em 40 países do mundo inteiro, tendo recolhido 2,6 milhões de euros em auxílio, conta Svanera.

Uma outra origem da tradição remonta a uma ação do santo em vida: ocorreu quando, ao dar todos os pães de seu convento aos pobres da região em que pregava, Santo Antônio acabou por deixar os confrades sem pão suficiente para a ceia. Mas, reza a história, quando Santo Antônio disse a seus colegas para olharem de novo para o cesto de pães, para a surpresa de todos, ele transbordava.

O pão virou, desde então, um símbolo de fraternidade e dos milagres (além da caridade social) do santo, e hoje o pãozinho é distribuído nas igrejas para os fiéis em homenagem aos feitos.

Mas "não é para comer", avisa Luiz Antônio Simas:

"É para guardar em casa. Guarda numa panela, pendura na porta da cozinha, guarda no pote de café. Isso garante fartura, e que não falte comida o ano todo."

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