LINGUAGEM

As gírias que dominavam os anos 70 e hoje em dia pouca gente usa

É difícil acreditar que 1970 foi há 55 anos. Confira algumas gírias que bombavam nessa época, mas hoje em dia perderam o sentido para as novas gerações

Estética anos 70.Créditos: Unsplash
Escrito en CULTURA el

A década de 1970 no Brasil foi marcada pelos acordes dos Novos Baianos, pelas composições ousadas de Rita Lee e Raul Seixas e por uma linguagem falada repleta de expressões originais. Em meio à ditadura militar, aos movimentos de contracultura e à explosão da televisão e do rádio, o vocabulário informal dos jovens ganhava vida própria, repleto de expressões que, hoje, soam como cápsulas do tempo, mas já não são empregadas da mesma forma. Na verdade, foram substituídas por outras mais modernas.

A seguir, veja algumas das gírias mais comuns dos anos 70 (e algumas que sobreviveram até os anos 80), seu significado e o que as substituiu entre as gerações mais jovens.

Barra pesada

Nos anos 70, dizer que algo era uma "barra pesada" significava que a situação estava difícil, complicada ou até perigosa. Era uma expressão muito comum, que não foi completamente apagada do vocabulário dos jovens, mas hoje costuma ser substituída por expressões como "tenso", "perrengue", "punk" (a partir da década de 80) ou, mais recente, "bad" e "paia". 

Chuchu beleza

Por outro lado, quando algo era bom, tranquilo e dava tudo certo, dizia-se que estava “chuchu beleza”. Uma expressão leve e otimista, que atualmente é traduzida como “suave”, “de boa” ou “top”.

Grilado

A gíria “grilado” era usada quando alguém estava preocupado, desconfiado ou encucado com algo. Quem ficava grilado geralmente estava ruminando alguma questão, ou desconfiando de intenções alheias. Hoje, essa sensação seria mais comumente expressa com termos como “bolado”, “encucado” ou “com o pé atrás”.

Maior barato

Já a expressão “maior barato” servia para descrever algo muito legal, divertido ou prazeroso, como ir a um show ou experimentar uma experiência marcante. Hoje em dia, já nem se vê ninguém usando. É mais comum que algo seja descrito como “massa” ou “da hora”.

Falou e disse

Nos anos 70, quando alguém concordava muito com uma opinião, “falou e disse” era uma maneira de enfatizar que a fala foi certeira (e que não havia mais nada a acrescentar). Essa expressão perdeu espaço para variantes como “falou tudo”, uma variação leve, ou “papo reto”.

Pra lá de Marrakesh

“Pra lá de Marrakesh” é um resgate do passado: uma expressão bem humorada que descrevia algo ou alguém como muito esquisito, fora do comum ou "viajado". Hoje, diz-se, literalmente, que a pessoa “viajou”, ou que algo é “nada a ver”.

Tá russo

Mais uma gíria para expressar tensão, os momentos mais críticos eram traduzidos como “tá russo”. A frase podia descrever um mês apertado, por exemplo, em termos financeiros, ou uma situação que saiu do controle. Atualmente, é mais comum ouvir “tá osso”, “tá difícil” ou “sinistro”.

Pagar sapão

No campo do flerte, “pagar sapão” era a maneira informal de dizer que alguém estava encarando com interesse, uma espécie de olhar intenso de quem está “dando em cima”. Uma forma mais antiga de dizer “dar moral” ou “ficar secando”.

Dar no pé

Quando era preciso sair rapidamente ou fugir de uma situação, era “dar no pé”. Essa gíria sobrevive até hoje em variações similares, como “vazar” e “meter o pé”.

Fazer a cabeça

“Fazer a cabeça”, no sentido de conquistar alguém ou convencer, era comum entre jovens tentando impressionar alguém ou persuadir um grupo. O equivalente contemporâneo poderia ser “ganhar no papo” ou “fazer o corre” (mas cuidado com essa).

Goiaba

“Goiaba” era um apelido pouco elogioso para pessoas consideradas bobas ou sem noção. Alguém “meio goiaba” hoje poderia ser chamado de “mané”, “zé ruela” ou simplesmente “otário”.

Numa nice

Bônus dos anos 80: algumas dessas expressões se mantiveram vivas ao longo da década seguinte. Foi o caso de “numa nice”, que indicava um estado de tranquilidade, bem-estar ou relaxamento. Algo como estar “de boa” ou “suave”.

Estar de bode

Já “estar de bode” expressava irritação, tédio ou desgosto com algo ou alguém. Hoje em dia, é mais comum “estar com ranço” de algo ou alguém.

Viajar na maionese

“Viajar na maionese” era a forma irreverente de dizer que alguém estava falando absurdos ou perdendo o senso da realidade, “falando abobrinha”.

E, apesar de muitas dessas gírias terem caído em desuso, algumas delas continuam bem atuais.

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