Aurélio Buarque de Holanda, um dos maiores nomes da lexicografia brasileira e criador do icônico Dicionário Aurélio, nunca declarou oficialmente qual seria, para ele, a palavra mais bonita da língua portuguesa. No entanto, assim como nesta entrevista que segue abaixo, ele deixou claro sua preferência, entre as milhares que catalogou e definiu com precisão, algumas se destacaram por sua musicalidade e carga simbólica — entre elas, “libélula” e “tertúlia”.
Uma vida dedicada à língua
Aurélio não era apenas um estudioso da língua portuguesa; era um apaixonado por ela. Filólogo, professor, tradutor e crítico literário, dedicou sua trajetória intelectual à exploração minuciosa das palavras e seus significados. Seu famoso dicionário, lançado em 1975, é até hoje uma das principais referências da língua no Brasil.
Te podría interesar
A beleza está nos ouvidos e na alma
Para Aurélio, a beleza de uma palavra não estava somente no que ela significava, mas também em como soava e no que era capaz de evocar emocionalmente. Ele costumava citar “libélula” como um exemplo perfeito de musicalidade e leveza — a palavra flutua na boca assim como o inseto no ar.
Já “tertúlia” — que designa uma reunião amigável para conversas, geralmente literárias ou intelectuais — carregava para ele uma sensação de aconchego, cultura e convivência. Mais do que o vocábulo em si, Aurélio valorizava o ambiente e o sentimento que a palavra era capaz de despertar.
Te podría interesar
Subjetividade lexical
A preferência por certas palavras, segundo especialistas, revela muito sobre a personalidade de quem as escolhe. Para Aurélio, essa escolha não era definitiva nem objetiva — refletia sua sensibilidade e sua visão da língua como uma forma de arte.
“A beleza das palavras é profundamente subjetiva”, dizia. “O som, o ritmo, a imagem que provocam — tudo isso pesa.” Sua maneira de olhar o idioma inspirou gerações de estudantes, escritores e amantes das letras a enxergar o português com mais sensibilidade.
Um legado que vive nas palavras
Décadas após sua morte, Aurélio segue presente nas salas de aula, nas estantes e nas buscas online. Mais do que um dicionário, deixou um convite para que cada leitor encontre sua própria “palavra mais bonita”.
Afinal, como ensinou o mestre das palavras: a beleza está não apenas nos olhos, mas também nos ouvidos — e no coração — de quem lê.