Hank Azaria foi namorado da icônica Phoebe Buffay em Friends, além de ter aparecido em filmes como Celebridades, Godzilla, Queridinhos da América, Smurfs e Quero ficar com Polly. Mas você certamente deve conhecê-lo por uma ou mais das inúmeras vozes que dão vida aos personagens da série com maior número de episódios transmitidos na TV estadunidense.
Em Os Simpsons, ele é Moe Szyslak, dono do bar frequentado por Homer e outros personagens. Também é Apu, que tem uma loja de conveniências, Lenny Leonard, Carl Carlson, Frank Grimes... São mais de 150 personagens que ganharam vida por meio das vozes criadas por Azaria. Mas, agora, ele tem medo de que seu talento seja aproveitado, de forma indevida, por uma nova tecnologia.
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O ator expressou sua angústia, em um artigo publicado no The New York Times, sobre a possibilidade de que seu trabalho de dublagem, feito ao longo de 36 anos de duração do programa, poderia ajudar a treinar uma inteligência artificial para substituí-lo.
"Imagino que em breve a inteligência artificial será capaz de recriar os sons das mais de 100 vozes que criei para personagens dos Simpsons ao longo de quase quatro décadas”, escreve Azaria, no artigo intitulado Personagens podem ganhar vida sem pessoas?. "Fico triste ao pensar nisso. Sem mencionar que parece simplesmente errado roubar minha aparência ou som — ou de qualquer outra pessoa."
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Ele projeta como alguns pontos da dublagem poderiam ser facilitados pela IA. "Quando sei que uma certa fala precisa de uma risada, mas não tenho certeza de como conseguir uma, tento coisas diferentes. Faço uma lista de oito ou nove maneiras de tentar", escreveu ele. "O modelo de IA pode não saber o que é engraçado ou o que é timing, mas pode fazer um milhão de takes diferentes. E pode ser instruído a fazê-los como eu faria — e pode ser bem convincente."
Falta de humanidade
Mesmo admitindo que a inteligência artificial possa facilitar ou até substituir algumas tarefas do trabalho de dublagem, o ator tem esperança de que a nova tecnologia nunca conseguirá igualar a "alma" que envolve a atividade artística.
“Há muito de quem eu sou que entra na criação de uma voz”, escreveu Azaria. “Como o computador pode conjurar tudo isso? Como soará a falta de humanidade? Quão grande será a diferença? Sinceramente, não sei, mas acho que será o suficiente, pelo menos no curto prazo, para que percebamos que algo está errado, da mesma forma que notamos que algo está errado em um filme ou programa de TV abaixo da média.”
A sensação de que "falta alguma coisa" poderia ser percebida por quem assiste. “Isso resulta em uma sensação de que o que estamos assistindo não é real, e não é preciso prestar atenção a isso”, pontuou. “A credibilidade é conquistada por meio da habilidade, com uma boa narrativa e boas atuações, boa cinematografia e boa direção, um bom roteiro e boa música.”
Preocupação de Paul McCartney
Os riscos da inteligência artificial têm sido destacados por ídolos do meio artístico. Paul McCartney alertou para os riscos de mudanças propostas na lei de direitos autorais do Reino Unido em relação ao uso da IA no final de janeiro.
As alterações permitiriam a empresas de tecnologia usar conteúdos para treinar livremente seus modelos, a menos que os detentores dos direitos autorais declarem que não concordam com o uso.
McCartney acredita que existe o risco de a inteligência artificial criar um "Velho Oeste" no qual os direitos autorais dos artistas não seriam devidamente protegidos. "A verdade é que o dinheiro está indo para algum lugar. Alguém está sendo pago, então por que não deveria ser o cara que sentou e escreveu Yesterday?", questiona.