EVOLUÇÃO

Baixa diversidade genética pode ter levado neandertais à extinção há 110 mil anos

Equipe de pesquisadores utilizou tomografias computadorizadas em fósseis de 30 neandertais provenientes de três períodos distintos

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Uma nova pesquisa indica que os neandertais podem ter entrado em declínio muito antes do que se estimava anteriormente. O estudo, publicado em 20 de fevereiro na revista Nature Communications, aponta que, há cerca de 110 mil anos, essa espécie humana passou por um severo "gargalo populacional", o que reduziu drasticamente sua diversidade genética.

O fenômeno do gargalo populacional ocorre quando há uma diminuição brusca na variação genética de uma espécie, geralmente desencadeada por fatores como mudanças climáticas, pressão predatória ou conflitos. Esse processo pode enfraquecer a população, tornando-a mais suscetível à extinção.

Os pesquisadores chegaram a essa conclusão por meio da análise de transformações na estrutura do ouvido interno dos neandertais ao longo do tempo. O estudo focou nos canais semicirculares, uma série de pequenos tubos ósseos no ouvido interno, cuja formação ocorre ainda no nascimento e que são fundamentais para o equilíbrio e a percepção do movimento da cabeça. Como essas estruturas não afetam diretamente a sobrevivência do indivíduo, sua variação ao longo do tempo pode fornecer pistas sobre mudanças populacionais.

Para realizar a pesquisa, a equipe utilizou tomografias computadorizadas em fósseis de 30 neandertais provenientes de três períodos distintos. Foram analisados 13 indivíduos do sítio de Sima de los Huesos, na Espanha, com cerca de 430 mil anos; 10 do sítio de Krapina, na Croácia, datados de 120 mil anos; e sete neandertais mais recentes, originários da França, Bélgica e Israel, com idades entre 64 mil e 40 mil anos.

Os resultados revelaram que os neandertais mais recentes apresentavam uma variação óssea significativamente menor do que os grupos mais antigos. Essa descoberta sugere que um declínio genético expressivo ocorreu após os 120 mil anos atrás, comprometendo a diversidade da espécie.

Segundo Mercedes Conde-Valverde, antropóloga biológica da Universidade de Alcalá, na Espanha, e coautora do estudo, a inclusão de fósseis de diferentes regiões e períodos possibilitou uma visão ampla da evolução neandertal. “A redução da diversidade entre os primeiros e últimos neandertais é evidente e representa uma forte evidência de um evento de gargalo”, afirmou.

As conclusões do estudo reforçam investigações anteriores sobre a diminuição das populações neandertais na Europa, mas ainda não há clareza se o mesmo padrão se aplicava a grupos da Ásia Ocidental, como os de Shanidar, no atual Curdistão iraquiano, cujos fósseis não foram incluídos na análise.

*Com informações de Lives Science 

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