ÍCONE

Vale Tudo: o dia em que Beatriz Segall condenou Odete Roitman e previu o perigo das milícias

A clássica novela dos anos 1980 vai ganhar nova versão, que será protagonizada por Taís Araújo e escrita por Manuela Dias

Vale Tudo: o dia em que Beatriz Segall condenou Odete Roitman e previu o perigo das milícias.Créditos: Divulgação
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Nesta semana, a Globo divulgou o primeiro trailer da nova versão da clássica novela “Vale Tudo”, que está sendo escrita por Manuela Dias e será protagonizada por Taís Araújo, que vai viver a personagem Rachel Accioly, que, na versão anterior, foi interpretada por Regina Duarte.

Com a divulgação das novas imagens de “Vale Tudo”, a novela voltou a se tornar um dos principais assuntos nas redes sociais e, entre os temas abordados, a personagem Odete Roitman, que na nova versão será interpretada por Deborah Bloch, também voltou a ser discutida.

Na primeira versão de “Vale Tudo”, Odete Roitman foi interpretada pela atriz Beatriz Segall (1926-2018), que se tornou um ícone no hall das intérpretes de vilãs, e artista e personagem foram eternizadas.

Diante da repercussão do primeiro trailer de “Vale Tudo” (2025), a TV Brasil resgatou uma entrevista de Beatriz Segall ao programa “O Papo”, de 1988, onde Segall reflete sobre o assassinato de Odete e como isso repercutiu positivamente na audiência. A artista chama a atenção para a normalização do justiçamento e alerta para o perigo dos esquadrões da morte, milícias que aterrorizavam o Brasil nos anos 1970-80 e que ganharam ainda mais força nos anos subsequentes.

"É o seguinte: as pessoas, o Brasil inteiro quer saber quem matou Odete Roitman, e o Brasil inteiro discute se ela merece morrer ou não merece morrer. O Brasil inteiro discutiu esses meses, esses últimos meses, se ela merece ser castigada ou não merece ser castigada. Até a mim vinham perguntar o que eu achava, se ela devia ser castigada ou não devia. Antes das eleições, eu achava que não; depois das eleições, eu comecei a achar que a gente está chegando num país esperançoso, eu acho que deveria”, inicia Beatriz Segall.

Em seguida, Beatriz Segall alerta para a normalização do assassinato como forma de fazer justiça. "Agora, uma coisa que ninguém pensou foi o seguinte: o Brasil inteiro está aceitando o assassinato. E um assassinato é um assassinato, porque se alguém comete um crime, esse crime tem que ser julgado. Então, ela teria que ser acusada dos crimes que ela cometeu, teria que ser presa pelos crimes que cometeu, teria que ir a julgamento e ser condenada; nesse país não existe pena de morte.”

Ao concluir, Beatriz Segall prevê que a normalização do assassinato tinha uma relação direta com os esquadrões da morte, que hoje são as famigeradas milícias: "Então, achar que ela ser assassinada... isso é uma coisa muito séria a ser pensada, porque é a primeira vez que eu estou falando sobre isso. Ela ser assassinada é um grande castigo, vai ser a catarse nacional, nós estamos admitindo a pena de morte, nós estamos admitindo, o que é pior, pior do que a pena de morte, que já é um assassinato de Estado, um assassinato pela lei, eu acho que, pior do que isso, nós estamos admitindo o esquadrão da morte. Pior do que isso, os justiceiros, ela vai ser justiçada. Isso é uma coisa muito séria nesse país. Nós não podemos aprovar isso. Nós temos que aprovar a lei, nós temos que aprovar que a pessoa seja presa, seja julgada e condenada.” 

Confira abaixo a declaração de Beatriz Segall sobre a condenação de Odete Roitman: 


 

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