CARNAVAL

Bloco Filhos de Gandhy volta atrás e retira restrição a homens trans após investigação

Cortejo é considerado um dos mais tradicionais da Bahia; afoxé disse ter removido termo "cisgênero" do comunicado

Bloco Filhos de Gandhy.Créditos: Fernando Vivas / Governo da Bahia
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Filhos de Gandhy, maior e mais tradicional afoxé de Salvador, é alvo de investigação do Ministério Público da Bahia por LGBTfobia. O inquérito foi aberto após o bloco emitir um comunicado vetando a participação de homens trans no desfile. Na mensagem enviada aos integrantes para a retirada dos trajes nesta segunda-feira (24), a direção citou o artigo 5º do estatuto social, que estabelece que apenas "pessoas do sexo masculino cisgênero" podem se associar ao grupo. 

O afoxé já proíbe a presença de mulheres, justificando a restrição por razões religiosas. Após a repercussão negativa, o afoxé Filhos de Gandhy afirmou ter removido o termo "cisgênero" do comunicado, mas manteve a referência no estatuto. Diante disso, a organização anunciou que convocará uma assembleia para discutir a possível revisão do texto. 

"A sociedade está em constante transformação e debates sobre inclusão são fundamentais", declarou. O grupo também ressaltou sua trajetória:

"O Filhos de Gandhy, ao longo de seus 76 anos de história, sempre teve como princípio a valorização da paz, do respeito e da tradição. Tradicionalmente, e de acordo com os preceitos religiosos que o regem desde o início, o Afoxé Filhos de Gandhy é formado exclusivamente por pessoas do sexo masculino, de toda raça, credo, cor, religião, orientação sexual, partido político ou classe social". 

O Ministério Público da Bahia informou que solicitou esclarecimentos ao grupo e aguarda resposta para avaliar os próximos passos. A Defensoria Pública da Bahia condenou a decisão do Filhos de Gandhy, classificando-a como uma atitude que "claramente incita discriminação e preconceito". Segundo o órgão, o bloco pode ser responsabilizado com base na lei que equipara a transfobia ao crime de racismo. A Defensoria também enviou uma recomendação ao afoxé para que remova do estatuto a cláusula que menciona "pessoas do sexo masculino cisgênero".

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