Arqueólogos da Universidade Nacional de Educação a Distância (UNED) de Madri, na Espanha, conduziram um estudo que investigou a presença de estruturas e artefatos de uma antiga civilização da Península Ibérica, que floresceu durante a Idade do Ferro, entre os séculos 9 e 6 a.C.
A civilização tartessiana, que habitava o local onde hoje fica Andaluzia, ao sul de Portugal, é considerada uma das primeiras civilizações ocidentais da Europa, associada ao reino de Tartessos, em que uma cultura híbrida (que misturava aspectos culturais de ibéricos e fenícios, que habitavam a península europeia desde o século 9 a.C.) emergia em meio a atividades de metalurgia avançada e alguns dos primeiros registros de sistema escrito da Europa Ocidental.
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Tartessos era conhecido por abrigar ouro, prata e estanho, e foi descrito por fontes gregas e romanas como um reino de forte influência fenícia, e como uma cidade lendária e próspera, marcada pelo extenso comércio.
Sua decadência ainda suscita curiosidade entre os pesquisadores. O reino pode ter desaparecido por volta do século 6 a.C., de uma maneira considerada abrupta pelos historiadores — talvez após uma batalha travada contra Cartago, ou ao ser refundada com outro nome (Carpia).
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Na região de La Bienvenida-Sisapo, em Almodóvar del Campo, um sítio arqueológico revelou restos de uma antiga estrutura religiosa dessa civilização, datados do século 8 a.C.
O achado sugere que o local pode ter se tratado de um altar cerimonial, localizado próximo a uma formação vulcânica, numa elevação com posição estratégica.
Sua arquitetura se mostrou similar àquela encontrada em outros templos tartessianos, como os já descobertos na Sevilha e em Málaga.
Alguns dos objetos descobertos no sítio são ligados a rituais sagrados de adoração a deuses fenícios, como fragmentos de cerâmica outrora usados em recipientes de adoração de Astarte, conhecida como a deusa da fertilidade, da sexualidade e da guerra.
Astrade era venerada por povos mediterrâneos orientais desde a Antiguidade. Fragmentos de cerâmica dispersos na região remetem ao material usado em banquetes e nos já mencionados recipientes de adoração da deusa.
Outras descobertas incluíam ossos de animais e itens simbólicos, como conchas marinhas e ossos de cabra, alguns deles personalizados para melhor servir aos propósitos das cerimônias, que deviam ser marcadas pela prática de videntes e adivinhos.
O local em que a estrutura e os objetos foram encontrados era cercado por recursos minerais, como prata, chumbo e cobre, e a presença de uma comunidade da civilização ali sugere que havia um plano para controlar os recursos minerais da região, a fim de controlar também o comércio nas rotas comuns.
Foram descobertas no campo, além disso, algumas baetyls — pedras consideradas sagradas, que eram como a casa de uma divindade; e evidências materiais da prática de metalurgia entre aquela comunidade, como forjas primitivas.