O cineasta Cacá Diegues, morto na madrugada desta sexta-feira (14), aos 84 anos, deixou um filme inédito, que estava gravando desde 2022.
O longa "Deus Ainda é Brasileiro" é uma continuação de um grande sucesso seu de 2003, “Deus é Brasileiro”.
Te podría interesar
O protagonista do filme é o mesmo do anterior: Antônio Fagundes.
O último filme de Cacá Diegues foi “O Grande Circo Místico", de 2018, inspirado num poema de Jorge de Lima. A recepção da crítica foi bastante negativa na época. O filme conta com a trilha sonora de Edu Lobo e Chico Buarque.
Te podría interesar
A mesma dupla tem um lindo disco em 1983 para um espetáculo homônimo criado originalmente para o Balé Teatro Guaíra, de Curitiba, concebido e dirigido por Naum Alves de Souza.
Cacá Diegues definiu "Deus Ainda É Brasileiro" como uma "comédia cívica". Segundo ele, o longa procura representar o povo brasileiro com dignidade e como protagonista de sua própria história. Ele afirmou que o país tem todos os elementos para voltar a ser um exemplo para a humanidade. "Cultura é uma maneira de descobrir o que o país é, e devemos nos esforçar para isso."
Cacá Diegues
Cacá foi um dos criadores do movimento que ficou conhecido como Cinema Novo, que tinha, entre outros, Glauber Rocha, Leon Hirszman, Paulo Cesar Saraceni e Joaquim Pedro de Andrade.
Ele nasceu Carlos José Fontes Diegues, em Maceió, no dia 19 de maio de 1940, mas se mudou para o Rio de Janeiro com apenas 6 anos de idade. Ele passou a infância e adolescência no bairro de Botafogo, na Zona Sul.
O diretor fez também os filmes “Ganga Zumba” (1964), “Os herdeiros” (1969), “Joanna Francesa” (1973), “Chuvas de verão” (1978), “Quilombo” (1984), “Um trem para as estrelas” (1987), “Orfeu” (1999), “Deus é brasileiro” (2003), “O maior amor do mundo” (2005) e “O grande circo místico” (2018), inspirado na obra do poeta Jorge de Lima.
O Grande Prêmio de Cinema Brasileiro, em 2012, homenageou o diretor no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
ABL
Cacá era imortal e ocupava a cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras (ABL). Ele foi eleito em em 2018, para o lugar deixado pelo seu amigo e também cineasta Nelson Pereira dos Santos.
A mesma cadeira pertenceu anteriormente ao escritor Euclides da Cunha e ao fundador da ABL Valentim Magalhães – que escolheu como patrono Castro Alves. Outros ocupantes da cadeira foram Afrânio Peixoto, Afonso Pena Júnior, Hermes Lima, Pontes de Miranda, Dinah Silveira de Queiroz e Sergio Corrêa da Costa.
Cacá Diegues deixa quatro filhos e três netos, dois deles do casamento com a cantora Nara Leão. Ele era casado, desde 1981, com a produtora de cinema Renata Almeida Magalhães.
Lula lamenta morte do cienasta
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva soltou mensagem em suas redes sociais na manhã desta sexta-feira, lamentando a morte de Cacá:
"Recebi com muito pesar a notícia do falecimento de Cacá Diegues, que durante sua vida levou o Brasil e a cultura brasileira para as telas do cinema e conquistou a atenção de todo o mundo. Ganga Zumba, Xica da Silva, Bye, bye Brasil, e, mais, recentemente, “Deus é Brasileiro” mostram muito bem nossa história, nosso jeito de ser, nossa criatividade. E representam a luta de nosso cinema, que sempre se reergueu quando tentaram derrubá-lo. Meus sentimentos aos familiares, colegas e fãs do grande Cacá Diegues."