EDUCAÇÃO PATRIMONIAL

Dois anos após 8 de janeiro: jovens brasileiros aprendem sobre democracia e preservação cultural

Oficinas de educação patrimonial em escolas do DF e a reincorporação de obras restauradas ao Palácio do Planalto marcam o compromisso com a memória e a democracia

Jovens brasileiros aprendem sobre democracia e preservação cultural.Presidente Lula participa de eventos em referência aos episódios antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro de 2023 e mostra réplicas de obras restauradas feitas por estudantes da rede pública do DF. Créditos: Agência Brasil (Marcelo Camargo)
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Dois anos após os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, o Brasil reafirma seu compromisso com a democracia e a preservação de seu patrimônio cultural por meio de iniciativas que unem jovens, cultura e história.

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Oficinas de educação patrimonial realizadas em escolas públicas do Distrito Federal e a cerimônia de reincorporação de obras restauradas ao acervo do Palácio do Planalto destacam a importância de preservar a memória coletiva e construir um futuro democrático.

Durante a cerimônia comandada pelo presidente Lula na sede do Executivo Federal, alguns estudantes da rede pública do DF apresentaram o resultado dessas oficinas, nas quais produziram réplicas de algumas das obras restauradas, entre elas a ânfora e a obra As Mulatas.

Oficinas que ensinam cidadania e preservação

Nos meses de agosto e setembro de 2024, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF), promoveu oficinas de educação patrimonial em três escolas públicas do Distrito Federal (DF). As atividades envolveram mais de 500 alunos.

O objetivo foi conscientizar os estudantes sobre a importância do patrimônio cultural e do valor simbólico das obras de arte danificadas durante os atos antidemocráticos e posteriormente restauradas. Além disso, as oficinas reforçaram o vínculo entre memória, arte e democracia para as novas gerações.

Escolas participantes e atividades realizadas

As oficinas ocorreram em três instituições do Distrito Federal:

  • Centro Educacional Stella dos Cherubins Guimarães Trois, em Planaltina;
  • Centro de Ensino Fundamental Caseb, na Asa Sul;
  • Centro de Ensino Fundamental 18 (CEF 18), em Ceilândia.

Durante cinco encontros, os estudantes participaram de diálogos sobre a destruição e restauração das obras e atividades práticas, como montar quebra-cabeças inspirados em obras de Di Cavalcanti e restaurar pequenas ânforas feitas exclusivamente para os exercícios.

Mariana Alvarenga/Iphan - Aluna Natália Diniz e alunos na oficina.

No encerramento, realizado em 27 de setembro no CEF 18, a aluna Natália Diniz destacou o impacto da experiência em declaração para o site do Iphan.

"As aulas mudaram minha visão. Entendi que as artes contam sobre o passado e pessoas importantes. Foi algo que me impressionou bastante."

A professora da UFPel e coordenadora do projeto, Liza Brilhalva Martins, à ocasião, ressaltou:

"A gente só cuida e protege aquilo que conhece. Viemos mostrar que o patrimônio cultural é de todos."

O presidente do Iphan, Leandro Grass, enfatizou o papel educativo das oficinas.

"Esse projeto ensina os estudantes a compreenderem um momento crítico da nossa história e, mais importante, a respeitarem e valorizarem os bens que representam nossa cultura e democracia."

As oficinas não apenas resgatam o passado, mas também oferecem aos jovens brasileiros uma visão de futuro baseada na união, no diálogo e no compromisso com a democracia. Como destacou a ministra da Cultura, Margareth Menezes:

“A realização dessas oficinas e ações reforça o verdadeiro significado da democracia para as novas gerações.”

Reconstrução e preservação

As oficinas foram realizadas no contexto da restauração de 21 obras de arte danificadas nos ataques de 8 de janeiro de 2023. Por meio de um Termo de Execução Descentralizada (TED) firmado entre o Iphan e a UFPel, no valor de R$ 2,2 milhões, foi montado um laboratório de restauro no Palácio da Alvorada.

Essas iniciativas educacionais são parte de um esforço maior para fortalecer o reconhecimento do patrimônio cultural como um elemento central na memória democrática.

Além de promover o aprendizado sobre conservação, as oficinas incentivaram os jovens a refletirem sobre a importância de proteger os símbolos que representam a cultura e a história do país.

Reincorporação de obras e homenagem à democracia

Ricardo Stuckert (PR) - Lula observa o relógio do século 17 restaurado.

Nesta quarta-feira (8), o presidente Lula liderou uma cerimônia no Palácio do Planalto para marcar os dois anos da tentativa de golpe. O evento incluiu a reincorporação de 21 obras de arte restauradas, como a tela As Mulatas, de Di Cavalcanti, e a escultura O Flautista, de Bruno Giorgi. Ambas sofreram danos significativos durante a invasão e foram minuciosamente recuperadas.

Outro destaque é o relógio do século 17, presente da corte francesa ao imperador Dom João VI, destruído nos atos e restaurado na Suíça sem custos para o governo brasileiro. A cerimônia culminou com o Abraço da Democracia, ato simbólico na Praça dos Três Poderes, que reúne autoridades e a população em um gesto de união.

Um legado de resistência e memória

A preservação do patrimônio cultural é um ato de resistência e um convite aos jovens para que assumam seu papel na construção de um Brasil mais justo, democrático e consciente de seu rico legado histórico. Num momento de celebração e reflexão, o país reafirma que o respeito à memória coletiva é essencial para garantir que episódios como os de 8 de janeiro jamais se repitam.

 

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