CAPITALISMO E BARBÁRIE

Round 6: segunda temporada é tão brilhante quanto a primeira

Fenômeno sul-coreano da Netflix conseguiu manter a qualidade da trama e apresentar novos temas

Round 6: segunda temporada é tão brilhante quanto a primeira.Créditos: Divulgação / Netflix
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A primeira temporada de Round 6 fez um enorme sucesso, não apenas por sua violência, mas porque a produção sul-coreana apresentou um roteiro que se aproxima de distopias como Jogos Vorazes, onde seres humanos participam de uma espécie de Big Brother mortal. Ou seja, vence quem permanece vivo; quem perde termina a sete palmos.

Em Round 6, não é diferente: acompanhamos a seleção de várias pessoas para participarem de um jogo do qual elas não têm muitas informações. O fato de que irão morrer caso percam o jogo só é informado quando elas chegam ao local onde ocorrerá a disputa macabra. Todos os selecionados possuem algo em comum: são cidadãos afundados em dívidas ou que precisam do dinheiro para realizar algum procedimento médico. Pendências típicas do modo de vida capitalista.

Nesse contexto de capitalismo e exploração da miséria na Coreia do Sul, acompanhamos a vida de Seong Gi-Hun, que possui uma série de dívidas com agiotas e é selecionado para o jogo. Na disputa, ele supera todos os seus adversários e se consagra vencedor. Porém, o que deveria ser uma vida plena até a morte se torna um pesadelo, pois ele carrega o peso de todas as mortes no jogo. Em resumo, ele só ficou rico porque mais de 200 pessoas morreram durante os jogos.

Seong Gi-Hun não consegue lidar com o peso de estar rico às custas do sacrifício de muitos – aqui já temos uma crítica do roteiro à existência de bilionários. Com essa dor incurável, o personagem desaparece no fim da primeira temporada... mas para onde ele foi?

A trama da segunda temporada começa três anos depois. Seong Gi-Hun vive trancado dentro de um hotel que, ao que tudo indica, ele se tornou proprietário. De lá, ele comanda mercenários que paga para encontrarem o Recrutador nas estações de metrô de Seul. Sua missão é reencontrar os organizadores do jogo e dar fim à gincana macabra.

O fato é que alguns planos de Seong Gi-Hun não dão certo, e ele retorna ao jogo. Na verdade, seu objetivo é atuar como uma espécie de agente infiltrado para destruir o sistema, e é aqui que as coisas começam a se desenvolver de maneira tão brilhante quanto na primeira temporada... aliás, pode-se afirmar sem medo que esta temporada supera a anterior.

Nesta temporada, claro que a violência está presente, mas de uma maneira mais bem trabalhada do que na primeira. Agora, todo o contexto do jogo e de sua crueldade com a miséria dos participantes está bem amarrado com uma série de críticas que o roteiro dispara contra as discrepâncias sociais na Coreia do Sul e no sistema capitalista como um todo, que leva as pessoas ao desespero e, dessa maneira, faz com que elas se humilhem por algumas migalhas.

Além disso, com alguns novos personagens, o roteiro de Round 6 inclui discussões inéditas: os influenciadores em redes sociais, as criptomoedas, a questão LGBT com foco na transexualidade e um aprofundamento sobre a divisão da Coreia e o comunismo. Todos esses temas são entrelaçados com a violência extrema do jogo, o que torna a segunda temporada tão ou mais brilhante que a primeira.

Confira abaixo o trailer da segunda temporada:

 

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