FELIPE NETO

Felipe Neto enfrenta o ódio dos acadêmicos ao ser convidado para Flip

Ele vai falar sobre o seu livro, “Como enfrentar o ódio”, em uma mesa com a jornalista Patrícia Campos Mello

Felipe Neto.Créditos: Reprodução de Vídeo
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A história é nova, mas já nasce velha. O influenciador, empresário e agora escritor Felipe Neto está entre os convidados da 22ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que acontece de 9 a 13 de outubro. O anúncio feito na ultima segunda-feira (9), gerou uma gritaria surda nos bastidores, apesar de poucos terem se manifestado publicamente.

Neto vai falar em uma mesa com a jornalista Patrícia Campos Mello sobre o seu livro, “Como enfrentar o ódio” (Companhia das Letras). Nele, o influenciador retrata seu processo de tomada de consciência política -- tão semelhante ao de milhões de brasileiros -- e o papel do ódio em sua vida, primeiro como força propulsora de sua carreira e depois como ferramenta de que ele próprio se tornou vítima, em especial durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

Escritores e profissionais do mercado editorial falaram ao Globo sobre o convidado. Um deles chegou a dizer que a feira está “trocando conteúdo por likes”.

É obvio que Felipe Neto não tem pendores literários. Não é e nem se arvora a ser um Guimarães Rosa ou um Milton Hatoum. Mas tem muito a dizer e tem dito. Talvez mais ou tanto quanto qualquer um de seus pares na Flip sobre os novos tempos. Sua compreensão a respeito do crescimento do fascismo e sua penetração nas redes sociais é digna de nota.

“Como derrotar o fascismo”

O tema candente também aparece no livro “Como derrotar o fascismo”, de Renato Rovai Sergio Amadeu. O tráfego de ideias nas redes é um dos grandes desafios destes novos tempos e deve ser discutido. A Flip acerta ao apostar em vários gêneros. Acerta também ao tentar popularizar o evento, ao abordar ideias tortas por vias certas.

O mesmo tem sido feito em várias outras festas literárias Brasil afora. Não é de hoje, por exemplo, que a Tarrafa Literária, realizada em Santos pelo editor e escritor José Luiz Tahan, traz expoentes do Jornalismo, das Histórias em Quadrinhos, cartunistas entre outros.

A discussão a respeito de Felipe Neto nos remete à mesma celeuma que surgiu quando o cantor americano Bob Dylan venceu o Prêmio Nobel de Literatura. Muitos gritaram e vão continuar gritando.

A despeito da qualidade e intensidade da obra de muitos destes autores considerados pop – e muito deles são excelentes mesmo – elas servem também como porta de entrada para obras mais pesadas.

No mais, tentar colocar limites em eventos voltados à troca de ideias, além de ser um prenúncio de fascismo, serve também como um gesto desesperado de reserva de mercado.

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