Guilherme Infante, artista e quadrinista de Campos Gerais conhecido por seu personagem Capirotinho, foi impedido de participar da Feira Literária de Alfenas (FliAlfenas) neste fim de semana. Isso ocorreu após uma série de ataques nas redes sociais, supostamente orquestrados por Amadeu Peloso (PL), pré-candidato a prefeito e filho de um ex-prefeito da cidade ligado à extrema direita. Os ataques teriam sido motivados pelas críticas sociais e políticas presentes no trabalho do artista.
Como mostrou essa reportagem da Fórum, o pré-candidato à prefeitura de Alfenas, em Minas Gerais, divulgou um vídeo em seu Instagram dizendo que o personagem “quer tirar e desconstruir a fé cristã” e atacando o governo local, que tem como prefeito Fábio Marques Florêncio (PT).
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A Fórum entrou em contato com o autor nesta quinta-feira (11). Em resposta, Infante afirmou que preparou outro material para as oficinas no FliAlfenas. "Eu tenho material publicado para adultos, para público infantojuvenil e, nas oficinas, para público infantil. Eu iria levar, para as oficinas, exercícios práticos e um pouco de teoria sobre a linguagem dos quadrinhos, com classificação etária livre e sem abordar críticas a religiões ou espectros políticos, justamente por saber que estou lidando com público jovem", disse o quadrinista.
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"Esses espaços ajudam a despertar, principalmente no público mais jovem, o interesse por arte, cultura e hábitos de leitura. Isso é, indiscutivelmente, necessário"
Os ataques aos quadrinhos de Capirotinho não são de hoje, explica Guilherme. "Começaram logo que o movimento bolsonarista começou a crescer, por volta de 2017. Desde aquela época eu já me posicionava categoricamente contra essa barbárie na política."
"Entretanto, apesar desses ataques constantes, foi a primeira vez que vi um evento recuando, por ordens superiores, para evitar desgaste político"
O artista reafirmou à revista o sentimento de desânimo em relação ao ocorrido e destacou que os feedbacks dos leitores também costumam ser bem positivos. "Sentimento é de desapontamento. Pelas pessoas da cidade, pelas pessoas que trabalham na organização do evento e pelas mentiras que disseram sobre mim. Os feedbacks costumam ser os melhores possíveis. Eu me sinto genuinamente abraçado, literal e metaforicamente, pelas pessoas que gostam dos meus quadrinhos. E, para quem trabalha nessa área, isso é inspirador e um combustível para seguir adiante", completa.