POESIA BRASILEIRA

Adélia Prado, considerada uma das maiores poetas vivas, vence prêmio Machado de Assis

Escritora mineira foi reconhecida pelo conjunto da obra e já inspirou outros grandes nomes da literatura brasileira, como Carlos Drummond e Clarice Lispector

Escritora mineira Adélia Prado vence principal prêmio da Academia Brasileira de Letras.Créditos: Divulgação
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No auge dos seus 80 anos, a ilustre poetisa, escritora e filósofa Adélia Prado, natural de Minas Gerais, foi consagrada como a grande vencedora do Prêmio Machado de Assis 2024. A honraria, uma das principais da Academia Brasileira de Letras (ABL), reconhece a grandiosidade de sua obra e a imensa contribuição à literatura brasileira.

Adélia Prado receberá o prêmio de R$ 100 mil em cerimônia oficial no dia 19 de julho, marcando o aniversário da ABL. Essa conquista a coloca entre as 11 mulheres que já receberam a honraria ao longo dos anos, desde a criação do prêmio em 1941. Uma das maiores poetas vivas do Brasil está prestes a lançar seu novo livro, “Jardim das Oliveiras”, aos 88 anos. 

A coletânea será publicada pela editora Record no segundo semestre deste ano. A autora enfrentou um período de “deserto criativo” desde a edição de seu último livro, “Miserere”, há mais de uma década. Em 2016, a autora conquistou o Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura, tornando-se a primeira mulher a receber essa honraria pelo conjunto de sua obra. 

Além disso, Prado já foi indicada para a ABL em 2001, quando um grupo de personalidades a considerou para ocupar a vaga deixada por Jorge Amado. No entanto, a viúva do escritor, Zélia Gattai, foi a escolhida para a cadeira. Apesar do amplo reconhecimento público, a mineira nunca foi eleita imortal da ABL.

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Para além do cotidiano

Adélia já publicou mais de 20 livros. Sua escrita aborda o ponto de vista de mulheres dedicadas à família, assombradas pela morte, que apreciam o sexo e temem a Deus. Seu trabalho é marcado por uma profunda sensibilidade para questões existenciais, combinando misticismo e cotidiano em seus poemas.

Em 1975, o poeta Carlos Drummond de Andrade, em uma crônica no Jornal do Brasil, comparou Prado a São Francisco de Assis, afirmando que ela recebia poemas ditados diretamente por Deus. Mas a inspiração de Adélia Prado não se limita a Drummond. Ela se alimenta da fonte inesgotável de três grandes mestres da literatura brasileira, que ela mesma carinhosamente denomina "Santíssima Trindade": João Guimarães Rosa, Clarice Lispector e próprio Carlos Drummond de Andrade.

Adélia Luzia Prado de Freitas é nascida em Divinópolis, Minas Gerais, em 13 de dezembro de 1935. É poetisa, professora, filósofa, romancista e contista, associada ao Modernismo, e é considerada a maior poetisa viva do Brasil e uma das maiores de todos os tempos.