Os cinemas do Brasil receberão no dia 16 de maio, a versão digitalizada do clássico do cinema nacional, ‘A Hora da Estrela’ (1985). O filme, dirigido por Suzana Amaral, falecida em 2020, foi premiado com o Urso de Prata de Melhor Atriz no Festival de Berlim no mesmo ano de seu lançamento. Agora, está pronto para ser relançado nas salas de cinema em todo o país.
Em 1986, após uma trajetória de sucesso, o filme “A Hora da Estrela” foi escolhido pela Embrafilme para representar o Brasil no Oscar de melhor filme estrangeiro. O filme se destacou no Festival de Brasília de 1985, sendo o grande vencedor e conquistando prêmios em seis categorias: ‘melhor filme’; ‘melhor edição’, realizada por Idê Lacreta; ‘melhor fotografia’, com Edgar Moura responsável e ‘melhor atriz’ para Marcélia Cartaxo. Além disso, o filme também foi premiado no Festival de Berlim. Finalmente, a Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) nomeou “A Hora da Estrela” como um dos 100 melhores filmes brasileiros.
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Sob distribuição da Sessão Vitrine Petrobrás, a digitalização da obra aconteceu no Rio de Janeiro, aos cuidados de Débora Butruce, curadora e responsável pelos filmes de patrimônio do projeto. Segundo a sócio-diretora da Vitrine Filmes, Silvia Cruz, a iniciativa “resgata a memória do audiovisual nacional e favorece a formação de uma cultura cinematográfica baseada em referências brasileiras, ação essencial para a valorização do cinema brasileiro.”
Patrocinado pela Petrobras, que disponibiliza filmes a preços acessíveis em no mínimo 20 cidades do Brasil, as novas gerações terão a chance de ver nas telas grandes a adaptação de um dos livros mais populares e admirados da escritora Clarice Lispector.
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Relembre a história do clássico de Clarice Lispector
Em "A Hora da Estrela", última obra escrita por Clarice Lispector publicada em 1977, somos imersos na narrativa de Rodrigo S.M., um escritor à beira da morte. Entrelaçando seus próprios pensamentos com os de Macabéa (Marcélia Cartaxo), a protagonista do romance, ele nos guia por uma jornada existencial singular.
Macabéa, uma jovem alagoana de 19 anos órfã de pai e mãe, carrega as marcas de uma vida marcada pela pobreza e pela falta de afeto. Criada por uma tia cruel, ela migra para o Rio de Janeiro em busca de oportunidades, mas encontra apenas a dura realidade da metrópole.
Com seu corpo franzino e uma dieta restrita a cachorro-quente, Macabéa se instala em uma pensão precária, dividindo o quarto com outras quatro moças. Encontra refúgio nas melodias de seu rádio-relógio, emprestado por uma das colegas, e na esperança de um futuro melhor.
“A todos esses que em mim atingiram zonas assustadoramente inesperadas, todos esses profetas do presente e que a mim me vaticinaram a mim mesmo a ponto de eu neste instante explodir em: eu" (p.9, de 'A Hora da Estrela').
Apesar das dificuldades, Macabéa, apelidada carinhosamente de Maca, encontra um breve amor em Olímpico de Jesus Moreira Chaves, um metalúrgico nordestino ambicioso. No entanto, a felicidade é fugaz: Glória, bela e astuta, rouba o coração de Olímpico, deixando Macabéa desolada.
Em busca de respostas e conforto, Macabéa consulta a Cartomante Madame Carlota (Fernanda Montenegro), uma impostora que, através das cartas, lhe revela sua "sorte". Macabéa sai do consultório radiante com as palavras da cartomante, mas a alegria dura pouco. Ao atravessar a rua, é atropelada por um Mercedes Benz amarelo, marcando sua "hora da estrela", o momento em que, ironicamente, todos a notam.