"Duna 2", dirigido por Denis Villeneuve e adaptado da saga clássica escrita por Frank Herbert, foi exibido no começo deste ano nos cinemas de todo o mundo e foi um sucesso absoluto, tanto de crítica quanto de público.
O longa-metragem continua a narrativa sobre a história de Paul Atreides (Timothée Chalamet), que é identificado como a encarnação do messias e passa a liderar uma guerra santa para vingar a morte de seu pai.
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O filme "Duna 2" é apontado como o filme mais importante do cinema de ficção científica da atualidade, principalmente por causa da parte técnica, classificada como "impecável" e "inovadora".
Além de todo o sucesso de crítica, “Duna 2” também registrou enorme sucesso de público e, até este momento, tem a maior bilheteria de 2024, ultrapassando a marca de US$ 700 milhões.
Para quem não pôde assistir nos cinemas, agora há a oportunidade de conferir “Duna 2” no streaming, pois o longa-metragem estreou nesta terça-feira (21) no MAX (antiga HBO).
Além disso, cabe destacar que "Duna 3" está confirmado e já está em pré-produção.
"Duna 3" e a tragédia do fundamentalismo
Os dois primeiros filmes - que são a adaptação do livro da saga "Duna" - mostraram a ascensão de Paul Atreides, que é tido pelos povos de Arrakis como Messias, no entanto, o próprio personagem reluta em assumir tal destino, o que faz posteriormente.
O que acompanhamos em "Duna" 1 e 2 é a construção da tirania com base em pressupostos fundamentalistas. Com isso, uma guerra santa é travada e Paul Atreides se estabelece como líder supremo.
O que esperar de "Messias de Duna"?
Publicado em 1969, "Messias de Duna" se passa doze anos após os eventos de "Duna", Paul Atreides é o líder absoluto e acumula os poderes de messias e imperador.
Mas, é importante destacar que o objetivo do autor, Frank Herbert, era uma crítica ao fundamentalismo religioso na política e a tragédia subsequente de viver em um regime teocrático, logo, tirânico.
Com mais de 50 anos de publicação, a atualidade do livro "Messias de Duna" é chocante, pois, atualmente boa parte do planeta vive o confronto entre os grupos democráticos e a extrema direita fundamentalista, que visa destruir o republicanismo e impor autocracias teocráticas no lugar.
Dessa maneira, é importante olhar para "Duna" como resultado dos governos fundamentalistas e de extrema direita e fazer uma correlação com líderes políticos como Jair Bolsonaro, Trump (que pode voltar a ocupar a Casa Branca), Putin, Viktor Orbán e suas ramificações espalhadas pelos parlamentos e na sociedade civil.
O cenário de "Messias de Duna" é o terror e a destruição total de todos aqueles que não concordam com as teses em torno do messias. O discurso adotado na obra encontra eco em uma série de grupos de extrema direita espalhados pelo globo: o inimigo deve ser eliminado em nome de Deus.
A tragédia fundamentalista já se faz presente em "Duna 2", porém, ela é potencializada em "Messias de Duna" e as consequências da tirania de Paul Atreides e dos grupos que lhe dão sustentação irão marcar para sempre a vida de todos.
A disputa política contemporânea transita entre um destino trágico como o de "Messias de Duna" e o fortalecimento da democracia e da liberdade dos modos de vida. No universo criado por Frank Herbert venceu a barbárie, na Terra o destino está em disputa.