TRAGÉDIA

"Duna 3" é confirmado e deve abordar o perigo da extrema direita e fundamentalistas

Após sucesso de público e crítica dos dois primeiros filmes, adaptação de "Messias de Duna" já está em produção

"Duna 3" é confirmado e deve abordar o perigo da extrema direita e fundamentalistas.Créditos: Alan Santos/PR/ Divulgação/ Kremlin
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Após o enorme sucesso de "Duna 2" (2023), a sequência do filme foi confirmada e, segundo a revista Variety, já está em produção. A adaptação de "Messias de Duna" - segundo livro da saga escrita por Frank Herbert - também será dirigida por Denis Villeneuve.

No entanto, "Messias de Duna" deve marcar o fim da trilogia "Duna" com Denis Villeneuve no comando, isso porque o diretor já afirmou que não pretende levar para os cinemas os outros livros da saga "Duna", pois, para o cineasta, eles se tornam "muito esotéricos" e que seu objetivo, desde sempre, foi contar a saga de Paul Atreides (Timothée Chalamet) e Chani (Zendaya) que se encerra no livro 2.

Ainda não há data de estreia para "Messias de Duna", até porque Denis Villeneuve ainda angaria os louros de "Duna 2", que até este momento é a maior bilheteria de 2024 com faturamento de US$ 630 milhões no mundo todo. Para efeito de comparação, "Duna" arrecadou US$ 402 milhões globalmente.

"Duna 3" e a tragédia do fundamentalismo

Os dois primeiros filmes - que são a adaptação do livro da saga "Duna" - mostraram a ascensão de Paul Atreides, que é tido pelos povos de Arrakis como Messias, no entanto, o próprio personagem reluta em assumir tal destino, o que faz posteriormente.

O que acompanhamos em "Duna" 1 e 2 é a construção da tirania com base em pressupostos fundamentalistas. Com isso, uma guerra santa é travada e Paul Atreides se estabelece como líder supremo.

Cartaz não oficial produzido por admiradores da saga

O que esperar de "Messias de Duna"?

Publicado em 1969, "Messias de Duna" se passa doze anos após os eventos de "Duna", Paul Atreides é o líder absoluto e acumula os poderes de messias e imperador.

Mas, é importante destacar que o objetivo do autor, Frank Herbert, era uma crítica ao fundamentalismo religioso na política e a tragédia subsequente de viver em um regime teocrático, logo, tirânico.

Com mais de 50 anos de publicação, a atualidade do livro "Messias de Duna" é chocante, pois, atualmente boa parte do planeta vive o confronto entre os grupos democráticos e a extrema direita fundamentalista, que visa destruir o republicanismo e impor autocracias teocráticas no lugar.

Dessa maneira, é importante olhar para "Duna" como resultado dos governos fundamentalistas e de extrema direita e fazer uma correlação com líderes políticos como Jair Bolsonaro, Trump (que pode voltar a ocupar a Casa Branca), Putin, Viktor Orbán e suas ramificações espalhadas pelos parlamentos e na sociedade civil.

O cenário de "Messias de Duna" é o terror e a destruição total de todos aqueles que não concordam com as teses em torno do messias. O discurso adotado na obra encontra eco em uma série de grupos de extrema direita espalhados pelo globo: o inimigo deve ser eliminado em nome de Deus.

A tragédia fundamentalista já se faz presente em "Duna 2", porém, ela é potencializada em "Messias de Duna" e as consequências da tirania de Paul Atreides e dos grupos que lhe dão sustentação irão marcar para sempre a vida de todos.

A disputa política contemporânea transita entre um destino trágico como o de "Messias de Duna" e o fortalecimento da democracia e da liberdade dos modos de vida. No universo criado por Frank Herbert venceu a barbárie, na Terra o destino está em disputa.