ATIVISMO

Espetáculo de dança expõe violência social contemporânea através da mitologia yoruba

"Floresta de Odé" estreia nas cidades de Jundiaí (SP) e Ubatuba (SP) e entrelaça a história de Oxóssi para denunciar questões sociais, ecológicas e políticas

"Floresta de Odé" estreia em Jundiaí e Ubatuba.Créditos: João Nascimento
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Inspirado nas tradições da cultura yoruba difundidas no Brasil, o espetáculo "Floresta de Odé", que estreia nesta sexta-feira (8) no Sesc Jundiaí (SP) e sábado (9) no Teatro Municipal de Ubatuba (SP), perpassa pelas diversas facetas de Oxóssi, orixá da caça e rei da nação Keto.  A trama cênica entrelaça o perfil de Oxóssi e seus rituais com questões sociais, ecológicas e políticas contemporâneas.

O espetáculo denuncia o desmatamento que causa o genocídio de comunidades que se alimentam das florestas. Partindo de uma analogia poética a Oxóssi enquanto caçador urbano, o diretor coreográfico e musical João Nascimento afirma que “'Floresta de Odé' aborda os trabalhadores e trabalhadoras submetidos às condições de violência, exploração e opressões que formam o alicerce da sociedade brasileira oriunda da colonização”. 

Espetáculo "Floresta de Odé" -  Foto: João Nascimento

Nascimento também conta que as coreografias foram esculpidas no “corpo flecha” costurando crônicas inspiradas em situações do cotidiano e criando alegorias urbanas de vidas repletas de sonhos, porém marcadas por histórias que, em busca do sustento, se aventuram na “selva de pedra”. “Queremos refletir sobre a rigidez, a frieza e a ausência de flexibilidade que moldam corpos vulneráveis e resilientes que lutam para se manter vivos”, diz o diretor. 

A riqueza do novo espetáculo está no resultado de uma pesquisa estética corporal que tem como base o corpo negro em diáspora, trazendo elementos de uma memória ancestral que se reelabora a partir dos desafios da vida contidiana atual, o que reforça uma ideia de uma cultura viva e em constante transformação. 

“Floresta de Odé” é o sexto espetáculo da Cia Treme Terra e resultado de 17 anos de pesquisa de linguagem coreográfica. Para Nascimento, “partindo desta experiência, a Cia vem formulando o conceito de ‘Dança Negra Contemporânea’ como uma dança que se organiza de modo transcultural e transdisciplinar, configurando-se como uma ‘Cultura de Resistência’".