Em uma decisão histórica, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) reconheceu nesta quinta-feira (29) o Choro como Patrimônio Cultural do Brasil. A manifestação musical, que nasceu no final do século XIX e se consolidou como um dos gêneros mais expressivos da cultura brasileira, agora recebe o reconhecimento oficial de sua importância para a história e a identidade do país.
A decisão foi tomada durante a 103ª reunião ordinária do Iphan. A partir de agora, o estilo musical passa a integrar oficialmente o Livro das Formas de Expressão. O presidente do Iphan e do Conselho Consultivo, Leandro Grass, declarou: "Nosso compromisso agora é torná-lo ainda mais conhecido e amado, para que possa também ser um instrumento de Educação Patrimonial".
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Por decisão unânime, o conselho também tombou a Estação Júlio Prestes, localizada no centro de São Paulo, que abriga a Sala São Paulo, assim como o terreiro Aganjú Didê, situado em Cachoeira, no Recôncavo Baiano. O templo, dedicado ao orixá Xangô, é de 1913.
O reconhecimento do choro como Patrimônio Cultural do Brasil é fruto de um esforço conjunto. O pedido de registro foi apresentado pelo Clube do Choro de Brasília, pelo Instituto Casa do Choro do Rio de Janeiro e pelo Clube do Choro de Santos. "É a primeira manifestação genuinamente brasileira anterior ao samba e que faz o nosso perfil, da alma profunda. Reúne influências da Europa, da África, cada região uma riqueza. Tudo isso se mistura e se transforma nesse ritmo”, declarou Henrique Lima, cofundador do Clube do Choro de Brasília.
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“A partir de agora é colocá-lo nas escolas, passar essa cultura para as próximas gerações. Esse é o grande fascínio, esse é o objetivo.”
O Choro
Importantes figuras da música popular brasileira, como Chiquinha Gonzaga, Pixinguinha, Waldir Azevedo, Paulinho da Viola, Jacob do Bandolim foram fundamentais para o avanço do gênero, que se desenvolveu a partir de uma fusão de ritmos portugueses e africanos, como a valsa da dança de salão europeia e o lundu.
O choro, interpretado por conjuntos compostos por bandolim, flauta, violão de 7 cordas, pandeiro, cavaquinho e clarinete, é tocado em rodas por todo o país.
Sua origem remonta a 1870, no Rio de Janeiro. Bairros como Cidade Nova, Catete, Rocha, Andaraí, Tijuca, Estácio e as vilas do centro antigo foram o berço dessa expressão cultural, mas de onde vem o termo “choro”?
Choro deriva da maneira melancólica e expressiva com que as músicas eram tocadas. O público, tocado pela emoção das melodias, as apelidou de "música de fazer chorar", dando nome ao gênero musical.