O governo alemão anunciou nesta segunda-feira (26) a abertura de uma investigação para apurar como os vencedores do Festival de Internacional de Berlim fizeram declarações contra Israel em relação ao conflito com o povo palestino. O Berlinale tem enfrentado acusações de antissemitismo, após diversos cineastas denunciarem, durante a cerimônia de premiação, o genocídio perpetrado pelo Exército israelense na Faixa de Gaza.
Quase 30 mil pessoas, principalmente civis, morreram pela ofensiva israelense no território palestino, segundo o Ministério da Saúde do local. Um documentarista palestino em evidência, Basel Adra, foi premiado por seu filme sobre as expulsões de palestinos na Cisjordânia ocupada. Durante sua participação no evento, Adra falou sobre o crime de humanidade que Israel está cometendo contra a população palestina.
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A porta-voz do governo alemão, Christiane Hoffman insistiu em reduzir o fato ao dia 7 de outubro e ignorou a quantidade de mortos na Palestina pela força israelense. "É inaceitável que o ataque terrorista do Hamas de 7 de outubro não tenha sido mencionado", diz.
Diretor israelense também é ameaçado de morte após denunciar genocídio
O cineasta israelense Yuval Abraham, laureado com um dos principais prêmios do recente Festival de Berlim, revelou ter sido alvo de ameaças de morte após políticos alemães criticarem a premiação do evento como antissemita. Além disso, ele relatou que membros de sua família foram alvo de intimidação física em Israel, o que o levou a adiar seus planos de retornar ao país.
No último sábado (24), Abraham foi agraciado com o prêmio de melhor documentário pelo júri, pela produção "No Other Land", que retrata a erradicação de vilas palestinas por tropas israelenses. O filme é uma colaboração entre os diretores Hamdan Ballal, Basel Adra e Rachel Szor. Em uma entrevista ao jornal The Guardian, Abraham expressou indignação em relação às ameaças dirigidas a ele, destacando que colocam em perigo as próprias vidas judias. "Não sei qual é a intenção da Alemanha conosco. Se esta é a maneira do país lidar com a culpa pelo Holocausto, estão minando seu significado", destacou ele.
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