O cantor e compositor Ed Motta afirmou em entrevista para o canal Alta Fidelidade, no YouTube, publicada neste sábado (24), que o autor das melodias deve ganhar mais do que o letrista.
"A parceria é um troço nefasto. Eu acho. Vou morrer achando isso. A letra tem uma importância grande, mas a música é a coisa mais importante. E eu não concordo que uma composição seja dividida, em dinheiro, 50% pro letrista e 50% pro compositor", disse.
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Motta é parceiro de letristas brilhantes como Rita Lee, coautora de “Colombina”, seu maior sucesso, entre outras, e Aldir Blanc. Quando Rita Lee morreu, ele declarou:
“Eu pago as minhas contas por causa da Rita Lee. Por ela ter letrado essas músicas de forma tão brilhante, de forma tão sensível e sempre ultramusical, né? Essas músicas foram letradas com muita precisão”.
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Durante a entrevista, no entanto, o compositor afirmou ainda: "Não concordo com isso. Mas sempre teve que ser isso e sempre vai ter que ser isso. Só que, ainda bem que eu faço as minhas letras agora. E não é só a questão do dinheiro. É a decisão sobre aquela música. Eu digo isso porque tenho músicas com outros parceiros que eu tive proposta pra fazer comercial de televisão e o 'parceire' (em tom de piada) não quer... e eu perco aquela grana. Então, assim, a decisão sobre minha obra tem que ser minha. E não da pessoa que chegou no outro dia, escreveu meia dúzia de coisas... entende? Com todo respeito, mas, escreveu meia dúzia de coisinha ali e aquilo ganha 50/50".
O parceiro fez uma "coisinha"
A despeito da questão financeira, ele ainda disse que se incomoda quando lê "música de Ed Motta e... calma!!! Sempre quando eu ouvia isso, me causava uma sensação ruim, mas muito ruim. Ninguém fala: música de Ed Motta, letra de fulano. Fala: música de Ed Motta e fulano".
A seguir, ele diz que nunca mais vai compor com parceiros:
"Foi uma libertação, não ter mais parceiro, nunca mais. Nunca mais!!! Eu não vou dividir o dinheiro nunca mais, cara. Dividir a honra de uma obra... nunca mais. Foi um problema resolvido", afirmou.
"Pedir permissão pra usar a minha música, em que eu fiz o arranjo, tudo, e o parceiro fez uma coisinha ali, bicho, entendeu? Porque não tem letras incríveis na minha obra. Eu não acho. Eu prefiro as minhas letras. Minhas letras têm, infinitamente, mais profundidade".
Veja entrevista abaixo. O assunto começa no minuto 16:00.