O ator Zé de Abreu, pai de uma filha trans, comemorou com cautela o fato de sua colega em várias novelas, Cassia Kis, ter virado ré por preconceito contra pessoas transexuais. A queixa-crime que motivou a ação foi movida por ele e várias outras entidades.
Zé reagiu com surpresa ao fato dela ter virado ré. “Tinha perdido a esperança, já faz dois anos isso”. Ele lembrou, com exclusividade à Fórum, que o Brasil é o país que mais mata pessoas trans no planeta. Segundo o ator, na época em que ela disse a frase em entrevista à Leda Nagle (leia mais abaixo), Cassia Kis fazia “um papel importante na novela das 21h da TV Globo, com muita notoriedade, portanto, sua fala teve grande repercussão. Com isso, ela estimula a agressão e morte de pessoas trans”, alertou.
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“Me chocou esse tipo de frase vir de uma colega que há 40 anos trabalha rodeada por pessoas LGBTQIA+. São atores, atrizes, cabelereiros, o mundo artístico é propício à convivência pacífica. O que ela falou é um estímulo muito forte à homofobia”, disse ainda.
Zé de Abreu disse também que Cássia Kis se referiu ao fato de uma pessoa trans ser uma “opção”. Segundo ele, “isso não é opção, a vida é assim. Ela demonstrou ignorância imensa achar que é opção. Esse termo está fora de uso. É muita ignorância. Não se pode admitir uma coisa dessas numa atriz que supostamente tem uma formação intelectual, que deveria ter lido livros por obrigação do trabalho. Isso é viver num outro mundo. No mundo do homem veste azul e mulher veste rosa”, desabafou.
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Entenda o caso
Cassia Kis acaba de virar ré por ter proferido frases preconceituosas contra pessoas trans. A Justiça acatou denúncia feita pelo Ministério Público a partir de queixa-crime movida por Zé de Abreu e pelo grupo pelo coletivo Antra (Articulação Nacional dos Transgêneros) entre outras entidades (veja a lista abaixo).
Na ação civil pública, o Ministério Público Federal (MPF) pede que a atriz bolsonarista pague multa de R$ 1 milhão. Em agosto de 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que ofensas contra pessoas LGBT+ podem ser enquadradas como injúria racial. Além da multa, a pena para injúria contra pessoas trans é de um a três anos de reclusão.
Durante entrevista para o canal do YouTube da jornalista Leda Nagle, ela condenou a existência de pessoas transexuais.
"Não existe mais o homem e a mulher, mas a mulher com mulher e homem com homem. Essa ideologia de gênero que já está nas escolas quer destruir a família", afirmou a atriz na ocasião. O vídeo viralizou nas redes sociais.
Entidades que moveram a queixa-crime
Além de Zé de Abreu, a queixa-crime contra Cassia Kis foi movida por várias entidades. Veja quais são abaixo:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MULHERES LÉSBICAS, BISSEXUAIS, TRAVESTIS, TRANSEXUAIS e INTERSEXOS (ABMLBTI);
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS (ANTRA);
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE LÉSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS, TRAVESTIS, TRANSEXUAIS E INTERSEXOS (ABGLT);
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS (ANTRA);
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE LÉSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS, TRAVESTIS, TRANSEXUAIS E INTERSEXOS (ABGLT);
GRUPO DE ADVOGADOS PELA DIVERSIDADE SEXUAL E DE GÊNERO (GADvS)