Escalado para atuar em Guerreiros do Sol, na Globoplay, menos de um mês após o fim de Mar do Sertão, José de Abreu contou em entrevista ao jornal O Globo neste domingo (9) o motivo de não ter disputado uma vaga na Câmara Federal em 2022 após após sua forte militância nos quatro anos de governo Jair Bolsonaro (PL) nas redes.
Zé de Abreu conta, no entanto, que sua atuação política começou após o golpe contra Dilma Rousseff duranta participação no Domingão, então comandado por Fausto Silva, o Faustão.
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"Tudo começou depois que eu fui ao “Domingão do Faustão”, em 2016, e fiz uma defesa da Dilma (Rousseff), dizendo que ela foi vítima de um golpe. A partir daí, a minha vida virou um inferno. Vazaram os números do meu celular e os dos meus filhos. A minha filha era inclusive menor de idade na época. Também começaram a me hostilizar na rua e, como eu tenho um pouco de pavio curto, acabava reagindo. Foi então que tomei a decisão de não sair mais. A minha vida se tornou ir de casa para as gravações e vice-versa. Por isso, entre um trabalho e outro, eu ia passar uma temporada fora", disse o ator.
Após a vitória de Lula, Zé afirma que sente um clima diferente, um "ar mais respirável" e agora já dá seus primeiros passeios pelo Rio.
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"Outro dia eu fui ao médico e resolvi fazer um teste. Fui caminhando de Ipanema até o Leblon (na Zona Sul do Rio) e tudo correu tranquilamente. Resolvi, então, sentar do lado de fora de um bar. Duas pessoas vieram falar comigo e pediram para tirar foto. O ar está mais respirável. Os bolsonaristas estão mais ressabiados. Eles começaram a ver que o Brasil tem leis, principalmente depois do 8 de janeiro", disse referindo-se aos atos golpistas.
Sobre a candidatura a uma vaga na Câmara Federal, que chegou a ser anunciada, o ator diz que Lula o ajudou a tomar a decisão.
"A minha ideia era parar quatro anos para ajudar o Lula a reconstruir o país. Ele foi contra e disse que eu não precisava estar na Câmara para isso. Mas eu estava decidido. O que me fez mudar de ideia foi que eu descobri que existe uma cláusula de compliance em muitas empresas, principalmente multinacionais, que estabelece uma quarentena para contratar pessoas que ocuparam cargos políticos. Eles chamam de pessoas expostas politicamente. Com isso, eu poderia ter que ficar até oito anos sem atuar. Isso significaria o fim da minha carreira", afirmou.
Ao comentar seu papel em Boyfirend, filme em que interpreta seu primeiro personagem gay no cinema, o ator fala da filha Bia, uma mulher trans de 23 anos que mora nos Estados Unidos.
"Ela mora em Los Angeles, e isso para mim é um alívio. Sabemos que o Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais no mundo. Enquanto essa situação não mudar, eu me preocupo demais. A Bia está terminando um curso na área de games, é uma pessoa talentosíssima. Ela já fez alguns testes para trabalhos e pretende continuar por lá nos EUA".