Nesta quarta-feira (27), adeptos das religiões de matriz africana e católica se reúnem para celebrar o Dia de Cosme e Damião, conhecidos como os santos médicos ou Erês do candomblé. Neste dia especial, são oferecidos doces, brinquedos e caruru em várias partes do país, uma tradição que homenageia os orixás protetores das crianças.
Ocorrendo sempre no dia 27 de setembro, a celebração do Dia de Cosme e São Damião adquire um caráter único no Brasil. A tradição é fruto da influência das religiões afro-brasileiras, que reverenciam o orixá Ibeji ou os Erês, entidades que comandam a legião das crianças e simbolizam a paz, a caridade e a saúde.
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As festas de Santo fazem parte da rotina dos terreiros. Na data de comemoração do seu santo, cada filho de santo realiza a festa e convida para o terreiro apenas aqueles que ele deseja que participem. Quando alguém incorpora uma entidade, essa pessoa não está mais no controle de suas ações, pois empresta seu corpo para a presença espiritual.
Nas festas religiosas, a música ambiente é frequentemente o Axé, cujas letras celebram os feitos dos santos venerados. Após o rito, os devotos costumam prestar homenagens aos santos, muitas vezes representados por pinturas ou imagens que são reverenciadas com cumprimentos e gestos de devoção.
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Quem foram Cosme e Damião?
Cosme e Damião eram irmãos gêmeos, conhecidos em sua comunidade como curandeiros ou médicos. No século IV, durante as perseguições aos cristãos lideradas pelo imperador Diocleciano, Cosme e Damião foram presos sob acusações de feitiçaria.
Infelizmente, os irmãos encontraram seu fim no ano 303. Sua história e legado perduram até hoje, inspirando fé e devoção em muitas pessoas ao redor do mundo. A tradição de associar São Cosme e São Damião à distribuição de doces e às crianças não fazia parte originalmente do catolicismo, mas sim de uma sincretização que ocorreu com a chegada dos africanos escravizados ao Brasil.
Por que é comemorado tanto na Umbanda quanto na religião Católica?
A prática de oferecer doces às crianças em homenagem a São Cosme e São Damião tem suas raízes na umbanda e no candomblé, onde os gêmeos Ibejis são reverenciados como divindades da infância e da alegria. Eles são considerados os filhos gêmeos de Xangô, o orixá da justiça e do trovão, e Iansã, a orixá dos ventos e das tempestades.
Entre os africanos escravizados, surgiu a associação entre São Cosme e São Damião e os Ibejis. Ambos os conjuntos de figuras gêmeas compartilham a ideia de proteção, cura e cuidado com as crianças. Os escravos, muitas vezes, mantinham suas práticas religiosas africanas de forma clandestina, adaptando-as ao contexto católico imposto pelos colonizadores no Nordeste.
Duas datas
Os irmãos gêmeos Cosme e Damião tiveram suas celebrações originalmente marcadas para 27 de setembro. No entanto, em 1969, uma reforma no calendário católico antecipou sua comemoração para evitar conflitos com a morte de São Vicente de Paulo, cuja morte foi no mesmo dia. Por tradição, hoje muitos comemoram o dia 27 de setembro.
Na casa de Zeca Pagodinho, a tradição se mantém viva: na véspera de São Cosme e São Damião, o sambista reúne familiares e amigos para confeccionar saquinhos de doces, que serão distribuídos. Nesse momento especial, eles realizam cânticos, preces e pedidos de proteção para as crianças de todo o Brasil, celebrando não apenas a música, mas também a solidariedade e a devoção aos santos. Confira o vídeo a seguir: