Gonzaguinha estreou em disco com críticas à ditadura militar há 50 anos

Gonzaguinha, filho do Rei do Baião e da dançarina Odaléia, rapidamente se estabeleceu como um nome de peso na música brasileira. Há 50 anos, no dia 23 de setmebro de 1973, ele lançou seu primeiro disco com críticas à ditadura militar imposta no país. Ao lado de artistas como Sérgio Ricardo, Geraldo Vandré e Taiguara, Gonzaguinha compôs fortes canções de protesto, tornando-se um dos principais opositores do regime.

No último dia 22 de setembro, o artista completaria 78 anos de idade se não fosse um acidente de carro que tirasse sua vida há 30 anos, em 1991. Nos anos 70, o álbum intitulado “Luiz Gonzaga Jr.”, nome de batismo do compositor, não alcançou grande sucesso nas rádios após ser lançado. No entanto, as canções logo se tornariam clássicos da música popular brasileira (MPB). 

“Comportamento Geral” era uma delas, a música tinha uma crítica mordaz ao sistema de produção capitalista que reduzia as pessoas a meros executores de tarefas repetitivas. Décadas mais tarde, com Elza Soares, essa música receberia uma poderosa regravação.

Em 1974, Gonzaguinha lançou seu segundo trabalho de estúdio, mantendo a estética experimental. Apesar disso, músicas como “Galope” e “A Felicidade Bate à Sua Porta” alcançaram o público através das versões de Marlene e das Frenéticas. “Cantor rancor” foi o apelido concedido à Gonzaguinha pelo que chamavam ser seu comportamento reservado e contestado ao fugir de autógrafos e câmeras.

 A trajetória de Gonzaguinha começou a tomar um novo rumo em 1978, com o lançamento do LP “Gonzaguinha da Vida”. O disco marcou uma mudança na direção da obra do cantor, que passou a explorar temas mais pessoais e íntimos, ao lado de suas habituais críticas sociais e de costumes.

A canção “Explode Coração” foi o momento em que o cantor expressou o lado mais sentimental. Regravada por Maria Bethânia, a música e se tornou parte da trilha sonora da novela homônima da Globo.

Ainda neste álbum, Gonzaguinha refletiu sobre suas origens no Morro de São Carlos na canção “Com a Perna no Mundo”, um samba que se tornou outro grande sucesso de seu repertório. A música possui um ritmo contagiante e uma letra cheia de humor, representando um retrato fiel da infância e da adolescência dele no Rio de Janeiro.

Ainda havia uma pendência na vida de Gonzaguinha: a reconciliação com seu pai. Apesar de terem trilhado caminhos opostos ao longo da vida, devido a diferenças políticas e musicais, Gonzaguinha e Luiz Gonzaga decidiram se reconciliar. Juntos, Gonzagão e Gonzaguinha deram voz às dificuldades do povo. A canção “A Vida do Viajante”, uma parceria de Hervé Cordovil com Luiz Gonzaga, simboliza esse momento.

“Diga Lá, Coração”, “Sangrando”, “Grito de Alerta”, “Ponto de Interrogação”, “Um Homem Também Chora”, “O Que É, O Que É”, “E Vamos à Luta”, e tantos outros sucessos de Gonzaguinha trazem a complexidade da vida, com letras sempre carregadas de sensibilidade e engajamento. Temas como o amor, a perda, a luta por justiça social estão muito presentes na obra.