Um grupo de pais de alunos de uma tradicional escola de Niterói (RJ) – cujo nome não foi revelado – pediu à direção da instituição que o livro “Pequeno Manual Antirracista” (Cia das Letras), da filósofa Djamila Ribeiro, fosse banido da lista de leituras dos estudantes. Segundo informações do jornal O Globo, a instituição se recusou.
A escritora Djamila Ribeiro usou as suas redes sociais para comentar o fato. Para a autora, o caso de Niterói é simbólico para mostrar que “parte da sociedade brasileira tem dificuldade em debater questões raciais”.
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"Obviamente que há muita resistência de boa parte da sociedade em se aprofundar sobre as relações raciais no Brasil. A perseguição a quem luta contra o racismo e se posiciona é antiga, nossos Ancestrais sabem bem disso. Eu fui formada pelos movimentos de base e sei bem o que é isso, sobretudo quando se é uma mulher negra que se expõe e se posiciona", declarou Djamila Ribeiro.
Apesar do episódio negativo da escola em Niterói, a autora destaca o fato de que seu livro "Pequeno Manual Antirracista" tem sido adotado por várias instituições de ensino.
"Porém, igualmente sei que há muitas pessoas procurando se letrar racialmente. Pequeno Manual Antirracista vem sendo adotado por escolas públicas e particulares de todas as regiões do Brasil. Meu objetivo justamente era contribuir com a educação antirracista e fico muito feliz por receber trabalhos de estudantes e depoimentos de educadoras e educadores do chão da sala de aula. A educação transforma", comemora a escritora.
Por fim, Djamila Ribeiro lamenta o episódio. "Qual o motivo para pedir a exclusão de um livro que aborda a prática antirracista? Sou a favor do debate de ideias e não de atitudes autoritárias. Fico feliz pelo posicionamento da escola em não ceder a uma atitude autoritária que nada tem a ver com a função pedagógica", critica.