Após a Câmara Municipal de Florianópolis, em Santa Catarina, rejeitar pela segunda vez, a concessão do título de cidadão honorário ao músico Gilberto Gil, a cidade foi parar, na manhã desta quinta-feira (16), entre os assuntos mais comentados do Twitter. Uma internauta chegou a dizer que o fascismo no estado já virou uma opção estética.
Outra internauta parabenizou os vereadores e afirmou que Gil “nada mais é do que um mamador de dinheiro público, nunca acrescentou nada nem a Florianópolis nem ao Brasil”.
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Outro lembrou ainda que “vereador de Florianópolis que rejeitou concessão de título de cidadão honorário a Gilberto Gil alegou que a homenagem incentivaria o uso de entorpecentes. Sabe qual é a ironia aí? Floripa é a capital em que há mais consumo de drogas entre jovens. Oh, gente estúpida”.
Relembre o caso
A votação apresentou oito votos a favor do título para Gil, seis contrários e duas abstenções. Para ser aprovado, o texto necessitava da concordância de maioria ampla e, ao menos, 12 votos favoráveis.
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A proposta foi dos vereadores Carla Ayres (PT) e Afrânio Boppré (PSOL). Como Gilberto Gil vai se apresentar em Florianópolis, no dia 26 de março, para celebrar o aniversário da cidade, o objetivo era homenagear o artista nesta oportunidade.
Ayres e Boppré argumentaram que Gil cumpre todos os requisitos para receber o título. Ele foi amplamente reconhecido por suas ações como embaixador da Organização das Nações Unidas (ONU), é ocupante de uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, foi nomeado “Artista pela Paz” pela ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), além de ter sido ministro da Cultura e recebido inúmeros prêmios musicais.
O vereador Gilberto Pinheiro (Podemos) discordou. “Não vejo ligação do homenageado com o nosso município”, escreveu ele, que votou contra.
Gil foi preso em Florianópolis durante a ditadura
Em plena ditadura militar, Gilberto Gil foi preso em Florianópolis, no dia 15 de julho de 1976, flagrado com maconha. Ele estava em turnê com os Doce Bárbaros (Caetano Veloso, Gal Costa, Maria Bethânia e o próprio Gil).
O músico foi julgado e condenado a um ano de prisão por causa de um cigarro de maconha e outra porção pequena da droga. O absurdo era tanto que a pena foi substituída por uma internação em um hospital psiquiátrico.
Felipe Carlos de Oliveira, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em entrevista ao G1, relatou que Gil ficou internado quatro dias no Instituto São José Centro de Psiquiatria e Dependência Química, sendo transferido para a Clínica Psiquiátrica Botafogo. No local, ele ficou mais um mês. Depois, acabou libertado, sob a condição de que consultasse o médico a cada dez dias.