A Polícia Federal anunciou que vai intimar Ranier Felipe dos Santos Lemache para prestar depoimento referente a investigação aberta na última quinta-feira (23) para apurar eventuais crimes cometidos contra Gilberto Gil, um dos maiores nomes da história da música brasileira, durante jogo da seleção na Copa do Mundo do Catar.
A intimação é o primeiro passo do inquérito que investiga o empresário. De acordo com o documento, assinado pelo delegado federal Pedro Alves Ribeiro, a polícia acredita que Ranier possa ter cometido crimes de discriminação, exibição de imagens depreciativas e injúria baseados em cor, etnia, raça, religião ou condição contra a pessoa idosa. O Estatuto do Idoso prevê até 3 anos de detenção e multa para o crime.
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Para os advogados Ticiano Figueiredo, Pedro Ivo Velloso e Tathiana Costa, o inquérito terá uma utilidade que vai muito além de fazer justiça a Gilberto Gil. “A investigação também é didática para aqueles que tentam disfarçar de ‘liberdade de expressão’ crimes e ataques contra pessoas que legitimamente expressam sua opinião”, declarou a defesa para o jornal O Globo.
Relembre o caso
Aos 80 anos, Gil estava acompanhado da esposa, Flora Gil, e assistia a estreia da seleção brasileira no mundial, contra a Sérvia, quando foi intimidado e ofendido por um grupo de torcedores bolsonaristas, que filmou e divulgou a própria ação e a transmitiu nas redes sociais.
Um dos agressores, ainda não identificado naquele momento, gritava o nome do então presidente brasileiro. Ele vestia uma camiseta da CBF com o nome “Papito Rani” e seguiu o casal aos gritos de “Bolsonaro” e “Vamos, Lei Rouanet”. Em seguida, disse: “Você ajudou o Brasil para caralho. Obrigado, filho da puta”. Em nenhum momento Gil e Flora esboçaram qualquer reação. A segurança do local não agiu para impedir o ataque.
O empresário, identificado logo em seguida, é dono de franquias de restaurantes em Volta Redonda (RJ) e foi para o Catar assistir ao mundial. Após ter sua imagem revelada nas redes, Ranier Lemache se pronunciou nas redes sociais, onde disse que não é o autor das ofensas, mas um amigo seu que estaria com medo das consequências.
"Queria me solidarizar com o Gilberto Gil, que nem conheço, só curto Gustavo Lima. Sou um empresário do bem. Eu estava do lado quando ele sofreu as ofensas mas eu não falei nada. Não falei, nem fiz nada pra impedir, não repreendi, cada um com seus problemas. Quem falou foi meu grande amigo de infância cujo nome vou me permitir omitir aqui porque ele está muito abalado, de c* na mão. Selva", escreveu.