MINAS GERAIS

Zema cancela espetáculo após exonerar diretor de companhia de dança; artistas apontam censura

Membros da Companhia de Dança do Palácio das Artes enxergam motivação política na decisão do governo mineiro

Créditos: Paulo Lacerda
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Após o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), exonerar em janeiro o diretor da Companhia de Dança do Palácio das Artes (CPDA), Cristiano Reis, além de outros integrantes do grupo, artistas alegam falta de clareza na justificativa para os desligamentos. Embora a Fundação Clóvis Salgado (FCS), ligada ao executivo do estado mineiro, tenha justificado as exonerações pela “reorganização e reestruturação administrativa, com vista à racionalização do uso dos recursos públicos”, membros da companhia denunciam motivação política na decisão.

De acordo com Cristiano Reis, que estava à frente da direção artística do grupo desde 2015, as exonerações estariam relacionadas ao espetáculo ““m.a.n.i.f.e.s.t.a”,  que esteve em cartaz em novembro do ano passado na celebração do cinquentenário da companhia. O espetáculo, que tinha reestreia prevista para 15 de março deste ano, foi suspenso pela Fundação Clóvis Salgado sob alegação de ter cumprido sua meta no ano passado. 

“No dia 16 de janeiro, fui chamado pela direção da Fundação Clóvis Salgado e tive a notícia de que o espetáculo, que tinha reestreia programada para o dia 15 de março, seria engavetado. ‘Vamos ter que dar um passo atrás’ foi a frase que ouvi. No dia 23 de janeiro, fui demitido por chamada de vídeo, com a alegação de que o governo não tinha aprovado meu currículo”, alega Reis. 

Para Mariângela Caramati, bailarina da Cia. de Dança do Palácio das Artes há 35 anos, a situação é de incerteza. “Estamos sem diretor artístico, numa situação de vulnerabilidade. Sucateamento e desmonte são as palavras que encontro para descrever o momento”. Em um post no Facebook, Ana Paula Oliveira, outra integrante da companhia, também relaciona as exonerações ao espetáculo “m.a.n.i.f.e.s.t.a”, salientando o aspecto político da decisão tomada pela Fundação. “Acredito na importância de ressaltar o tom de alerta ao perigo que o importante patrimônio artístico cultural de MG, constituído pela CDPA/FCS, se encontra”, escreveu. 

A acusação de censura, no entanto, não é a primeira sob o governo de Romeu Zema. Em outubro do ano passado, a Rede Minas, afiliada da TV Cultura, mesmo transmitindo semanalmente o "Roda Viva", deixou de exibir o programa para apresentar outro. Na ocasião, o entrevistado da semana era Guilherme Boulos, do PSOL, notório adversário político do partido do governador Zema, o Novo.