CLÁSSICO COMPLETA 50 ANOS

Quem foi o jovem que inspirou "O Exorcista" e como foi o exorcismo real

Quais foram os fatos que inspiraram livro e filme de sucesso

Créditos: Divulgação
Escrito en CULTURA el

O nome dele era Roland Doe ("Doe" é um genérico usado quando se quer esconder a identidade da pessoa). Era um jovem de 14 anos, quando  se deu o caso que o tornou famoso no livro e no filme tirado do livro "O Exorcista", um clássico tido por muitos como o maior filme de terror de todos os tempos, e que está completando 50 anos.

Assim o jornal The Washington Post anunciou o caso, em 20 de agosto de 1949:



“Talvez numa das experiências mais extraordinárias deste tipo na história religiosa recente, um rapaz de 14 anos de Mount Rainier (um subúrbio a cerca de 15 km de Washington, DC) foi libertado por um padre católico depois de ter sido possuído pelo demônio”.

 

Citando “fontes católicas”, o jornal afirmou que, para libertar o jovem da possessão demoníaca, ele teve que passar por “entre 20 e 30 exorcismos”, durante os quais “começou a gritar, a gritar palavrões e frases em latim - uma língua que ele nunca havia estudado - toda vez que o padre atingia o ponto culminante do ritual.

Anos depois, ao tomar conhecimento da história William Peter Blatty, que já havia escrito sucessos como "A Pantera Cor de Rosa", decidiu escrever "O Exorcista".

Jornais da época contam que Roland começou a ouvir vozes e sons vindos da parede, a partir da morte de sua Tia Tillie, de quem era próximo e que o iniciou num jogo ocultista de tabuleiro, Ouija, semelhante ao "jogo do copo" daqui do Brasil. Após a morte da tia, Roland tentava contato com ela através do jogo.

A família procurou médicos, psicólogos, mas ninguém conseguia resolver ou mesmo entender os estranhos acontecimentos, em que cadeiras se moviam sozinhas, a cama de Roland tremia às vezes sem parar, a família apelou para um padre. Que ao ver os estranhos acontecimentos, chamou um superior, o padre William H. Bowdern.



“Bowdern, 52 anos, um veterano da Segunda Guerra Mundial com extensa experiência de ensino e pastoral, visitou Ronald dois dias depois. Durante a visita, Roland sofreu dois longos arranhões em forma de cruz, enquanto objetos como água benta voavam pela sala”.

Pediram então autorização para realizarem o exorcismo em Roland. Os rituais duraram de março a abril de 1949.
 

“Com as orações de exorcismo, Roland teve convulsões violentas, lutando com o travesseiro e a roupa de cama. Os braços, pernas e cabeça de R tiveram que ser controlados por três homens. As contorções revelaram força física além do poder natural”.

“Roland cuspiu na cara de quem o segurava e orava. Ele cuspiu em imagens religiosas e nas mãos de padres. Ele estremeceu quando o borrifaram com água benta. Ele lutou e gritou com uma voz estridente e diabólica”.

 

 

Por fim, no dia da Páscoa daquele ano, o padre Bowdern, em determinado momento do rito, exigiu que o demônio se identificasse e saísse do corpo do menino, ao que Roland, com a voz distorcida, teria respondido:



“Ele (Roland) só tem que dizer mais uma palavra, mais uma palavra. Uma palavra pequena, quero dizer uma palavra GRANDE. Mas ele nunca vai dizer essa palavra. Estou sempre com ele. Posso nem sempre ter muito poder, mas estou sempre nele. Ele nunca dirá essa palavra.”.

 

Nesse mesmo dia, poucos minutos antes da meia-noite, ouviram uma voz diferente vinda de Roland, dizendo: “Satanás! Satanás! Eu sou São Miguel e ordeno a você, Satanás, e aos demais espíritos malignos, que deixem o corpo em nome de Dominus, imediatamente. Já! Já! JÁ!".

Quando Rolando acordou, disse aos sacerdotes que o arcanjo São Miguel havia travado uma grande batalha para salvá-lo e havia vencido: “Ele se foi”.



O que disse o padre exorcista anos depois



Em seu livro de 1974 "O Diabo, Demonologia e Bruxaria", o historiador Henry A. Kelly obteve testemunho direto do Padre Bowdern, que lhe disse que a ordem para realizar o exorcismo lhe veio diretamente das autoridades da Igreja, e que ele havia feito o seu trabalho.

Perguntado sobre quais foram esses sinais de possessão que levaram as autoridades eclesiásticas a recorrer ao exorcismo, a resposta do Padre Bowdern foi simples e direta:


"Não houve sinais de possessão diabólica relatados ou observados, antes do início dos exorcismos.”
 

Com informações da BBC.

Leia mais postagens e crônicas de Antonio Mello aqui na Fórum e no Blog do Mello.